Os trabalhadores da cerâmica Maiólica, em Albergaria-a-Velha, no distrito de Aveiro, mantêm-se há mais de um mês em vigília à porta da empresa, apesar da pandemia da covid-19, disse hoje à Lusa uma funcionária.
Os trabalhadores, que entregaram este mês os papéis para o fundo de desemprego, não desistem e permanecem à porta da empresa, que foi declarada insolvente na semana passada, para impedir a saída de material.
“As pessoas começaram a ter medo e queriam desistir. Temos grupos só com duas pessoas e outros com três e estamos distanciadas umas das outras”, disse à Lusa Fernanda Silva.
Esta funcionária que trabalhou na empresa 17 anos disse que já informaram a GNR sobre o que se estava a passar, adiantando que vão permanecer no local até à chegada da administradora de insolvência.
“Só não sabemos o tempo que vai demorar a ir lá a administradora de insolvência. Assim que ela lá for, nós vamos sair, porque isto também não é vida”, afirmou.
O Juízo do Comércio de Aveiro declarou na quinta-feira a insolvência da cerâmica Maiólica, que suspendeu a produção há cerca de um mês, deixando cerca de 50 pessoas sem trabalho.
Para administrador da insolvência foi nomeada Cláudia Margarida de Sousa Soares, tendo sido fixado um prazo de 30 dias para a reclamação de créditos.
A empresa situada na zona industrial de Albergaria-a-Velha suspendeu a laboração no dia 14 de fevereiro, por alegado corte no fornecimento de gás.
Os funcionários foram surpreendidos quando se apresentaram ao trabalho e não encontraram condições para trabalhar.
“Chegámos aqui à empresa de manhã para trabalhar e não pudemos trabalhar, porque vieram cortar o gás”, disse então Fernanda Silva, adiantando que a gerente que lhes referiu que a empresa “morreu”, porque “tem muitas dívidas”.
Na altura, Fernanda Silva referiu que os trabalhadores, na maioria mulheres, tinham em atraso o salário do mês de janeiro e parte de fevereiro.
Uma semana depois de a fábrica ter parado a líder do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, deslocou-se ao local para manifestar solidariedade para com os trabalhadores, defendendo a necessidade de legislação que combata as falências fraudulentas e salvaguarde os direitos dos trabalhadores.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 360 mil pessoas em todo o mundo, das quais cerca de 17.000 morreram.
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