O lançamento deveria ser em maio, mas a pandemia do novo coronavírus antecipou para terça-feira a disponibilidade de uma aplicação na Internet para compra de produtos frescos a partir dos mercados da cidade da Praia, em Cabo Verde.
A ideia é de Moisés Freire Rocha, 39 anos, formado em informática, na vertente Desenvolvimento de Produtos Multimédia, que criou um supermercado ‘online’.
O cliente adiciona os produtos ao carrinho e depois serão comprados pelos colaboradores junto das vendedeiras, que, segundo Moisés Rocha, ainda estão reticentes em relação à iniciativa.
“É uma coisa nova, temos de lhes explicar, porque muitas acham que vamos fazer-lhes concorrência, mas dizemos que estamos aqui para ajudar. É que poderíamos ir direto ao fornecedor sem passar por elas, mas fizemos questão de trabalhar com elas diretamente”, afirmou.
Depois disso, os produtos serão entregues no domicílio e o pagamento nesta fase vai ser na hora de entrega, mas Moisés Rocha disse que o objetivo é passar a ser também ‘online’.
A plataforma, denominada “Gilera Cheio”, deveria ser lançada em maio, mas com a pandemia do novo coronavírus, em que uma das medidas de prevenção é o isolamento social, o jovem da Praia explicou que o aplicativo vai ficar disponível a partir das 00:00 de terça-feira.
A aplicação pode ser descarregada a partir da Play Store da Google ou da App Store da Apple, para ser instalada no telemóvel, seguido de um cadastro que permite ao consumidor ter acesso aos serviços.
A parte dos mercados vai estar disponível no menu “Mercadão”, que disponibiliza produtos frescos, como frutas, verduras e legumes, mas nesta fase apenas no Plateau, centro histórico da Praia.
A aplicação vai oferecer também eventos e serviços, mas que não estão disponíveis neste momento porque foram adiados por causa da pandemia do novo coronavírus.
“O essencial para começarmos por agora já está na plataforma”, disse o mentor do projeto, indicando que os pedidos feitos até ao meio dia serão entregues até ao final do dia, enquanto os depois das 12:00 só serão entregues na manhã seguinte.
Neste momento, Moisés Rocha disse que os colaboradores vão fazer “entregas ecológicas”, em bicicletas elétricas e carros, que não fazendo parte da filosofia do projeto são introduzidos agora para responder aos pedidos e por causa da antecipação do seu lançamento.
Mas, segundo o técnico, o projeto vai receber um carro elétrico até final do mês, que funcionará não só com mercados, mas também com restaurantes parceiros da capital de Cabo Verde, gerando “muitos postos de trabalhos”.
A Câmara Municipal da Praia incentivou o compra ‘online’ no mercado do Plateau através do aplicativo “Gilera Cheio”, como uma das medidas constantes no plano de contingência da autarquia da capital cabo-verdiana.
Além disso, assegura a limpeza do espaço de forma constante e permanente, determinou que as vendedoras com mais de 65 anos fiquem em casa, incentiva à lavagem constante das mãos, proibiu a entrada e permanência de crianças no mercado, incentivou o uso de máscaras e luvas e limitou a entrada e permanência de utentes dentro do mercado.
Em declarações à Lusa, a gestora do mercado do Plateau, Patrícia Freire, disse que a plataforma vai trabalhar com todos os mercados da Praia, no âmbito de um projeto denominado “mercados conectados”.
“Vai dar um contributo imenso nesta altura, uma vez também que haverá mais segurança, evitando que todas as pessoas saiam à rua para fazer as suas compras”, salientou, esperando que ajude a evitar a propagação do vírus.
As medidas do plano de contingência da Câmara Municipal da Praia entraram em vigor hoje e têm a duração de três semanas, podendo ser alargadas ou encurtadas, dependendo da avaliação da pandemia.
Até agora, Cabo Verde regista três casos confirmados da covid-19, provocado pelo novo coronavírus, mas todos turistas estrangeiros e na ilha da Boa Vista, que, entretanto, foi isolada do restante arquipélago.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 366 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 15.100 morreram.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.