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Covid-19: PCP/Ovar acusa empresa de cartonagem DS Smith de “oportunismo e chantagem”

23-03-2020 18:07h

O PCP de Ovar acusou hoje a empresa DS Smith Packaging Portugal de manter a unidade de Esmoriz em funcionamento mediante "oportunismo e chantagem", obrigando os trabalhadores a laborarem mesmo havendo um caso de Covid-19 na fábrica.

No concelho do distrito de Aveiro que se encontra em estado de calamidade pública e sob quarentena geográfica, a estrutura partidária comunista considera que "no combate à epidemia não é aceitável qualquer aproveitamento oportunista e chantagista do patronato, nem [o surto] pode servir de pretexto para acelerar a exploração".

O PCP reconhece que a DS Smith fabrica acondicionamentos para a indústria alimentar e até para o setor médico e farmacêutico, mas realça que a sua atividade "não se resume apenas a esses setores e, à data de hoje, [a unidade] mantém a produção de todo o tipo de embalagens".

Defendendo que a saúde pública e dos operários "deve prevalecer face à lógica do lucro a qualquer preço", a estrutura comunista diz que a fábrica opera sobretudo com produtos que não são de primeira necessidade, como embalagens de transporte, de consumo, para fins promocionais, para proteção, exposição e indústria.

O PCP critica a DS Smith por manter os trabalhadores a laborar quando o estado de calamidade prevê o encerramento de toda a atividade industrial local não-essencial e aponta à situação ainda a agravante de que na fábrica um funcionário "já terá sido diagnosticado com a Covid-19, três estarão à aguardar o resultado dos exames de diagnóstico e outros 27 esperam o contacto das autoridades de saúde".

Outro problema apontado pela concelhia de Ovar do PCP é que a empresa "emitiu um comunicado a 18 de março com o teor ‘Compensar a disponibilidade dos trabalhadores para comparecer ao serviço na fábrica de Esmoriz', atribuindo um prémio no valor de 120 euros aos funcionários que não faltem ao emprego no período compreendido entre 19 de março e 30 de abril".

A empresa terá ainda prometido "uma compensação do trabalho extraordinário, acrescentando 25% aos atuais 100% no serviço extra realizado ao sábado" e informando que, "se a fábrica for encerrada, os trabalhadores apenas irão receber o valor proporcional" ao período em que exerceram funções.

A Lusa contactou a empresa em causa, mas tal não foi possível até ao momento.

Em Portugal, há 23 mortes e 2.060 infeções confirmadas, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral de Saúde.

Dos infetados, 201 estão internados, 47 dos quais em unidades de cuidados intensivos.

Portugal encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de quinta-feira e até às 23:59 de 02 de abril.

Além disso, o Governo declarou na terça-feira o estado de calamidade pública para o concelho de Ovar.

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