Especialistas das Nações Unidas defenderam hoje que a luta contra pandemia de Covid-19 terá fracas hipóteses de sucesso se as populações vulneráveis não tiverem água e sabão para lavar as mãos, uma medida preventiva considerada vital.
"A luta global contra a pandemia tem poucas possibilidades de sucesso se a higiene pessoal, a principal medida para prevenir a infeção, não estiver disponível para os 2,2 mil milhões de pessoas que não têm acesso a água potável", defendeu o painel de especialistas, onde se inclui o relator especial da ONU para o direito à água e saneamento, Léo Heller.
Lavar as mãos com água limpa e sabão é considerada uma medida de prevenção vital, por isso, os peritos das Nações Unidas, apelam aos governos para que tomem medidas que garantam o acesso contínuo a água por parte das populações mais vulneráveis.
“Pedimos aos governos que proíbam de imediato os cortes de água àqueles que não podem pagar as contas. É também essencial que forneçam água gratuitamente durante toda a crise às pessoas que vivem na pobreza e às pessoas afetadas pelas dificuldades económicas que se avizinham”, apelaram.
“Tanto os fornecedores públicos como os privados devem ser obrigados a cumprir estas medidas fundamentais”, sublinharam.
Apontando que para as “pessoas mais privilegiadas” lavar as mãos com sabão e água limpa pode parecer “um gesto simples”, recordaram que para muitas comunidades em todo o mundo se “trata de um luxo que não se podem permitir”.
Pessoas que vivem em assentamentos informais, sem-abrigo, populações rurais, mulheres, crianças, idosos, pessoas com deficiência, migrantes e refugiados são, segundo as Nações Unidas, populações vulneráveis que precisam de ter garantido o direito ao acesso à água.
“Só assim poderão cumprir as recomendações das autoridades de saúde e manter as rigorosas medidas de higiene”, reforçaram.
Para o painel da ONU manifestaram também preocupação com o facto de estas populações se tornarem vítimas de um círculo vicioso que perpetue um quadro de doença e vulnerabilidade.
"O acesso limitado à água torna-os mais propensos a infeções. A infeção leva à doença e a medidas de isolamento, o que dificulta que continuem a trabalhar, aumentando a vulnerabilidade, que resulta num acesso ainda mais limitado à água”, apontaram.
“Os governos devem implementar medidas para quebrar este ciclo”, recomendaram os peritos.
A falta de acesso a água potável e saneamento assume contornos particulares em África, afetando largas franjas da população, particularmente nas zonas rurais.
Com a pademia covid-19 a alastrar no continente, são várias as organizações não-governamentais no terreno a alertar para o desafio da prevenção desta e de outras doenças junto destas comunidades.