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Covid-19: Presidente da associação das indústrias gráficas defende "universalidade" dos apoios

LUSA
23-03-2020 14:24h

O presidente da Associação Portuguesa das Indústrias Gráficas e Transformadoras de Papel (APIGRAF) defendeu hoje, em declarações à Lusa, que as medidas de apoio às empresas devem ser "universais", "rápidas, eficazes e de fácil implementação".

O Governo apresentou na semana passada um conjunto de medidas de apoio às empresas, no âmbito da crise provocada pela pandemia do novo coronavírus.

José Lopes de Castro criticou as medidas por se dirigirem a determinados setores: "O Governo não tem de fazer rigorosamente nada para o setor A, B ou C. Não deve, a fatura da última crise de 2008/2009 foi apresentada a toda a gente", quer empresas, quer trabalhadores.

O presidente da APIGRAF defendeu que o Governo deve apresentar "medidas claras, rápidas e eficazes, de fácil implementação".

Isto porque "o que tem saído é a necessidade política de falar, na prática as empresas ainda não viram rigorosamente nada, e é isso que nos preocupa", afirmou.

"O Governo tem de atuar de forma universal, para todas as empresas, para todos os trabalhadores. Esta forma de atuar significa que há lóbis a atuar e não pode ser. Qualquer apoio que o Estado dê tem de ser universal e este é para mim o maior erro que o Governo está a fazer", criticou José Lopes de Castro.

"Esta é a minha posição, não é razoável que por fazer mais lóbi ou ter mais peso na exportação tem de se ter um atendimento preferencial. Vejam o dinheiro que têm e distribuam por todos", prosseguiu o presidente da associação das indústrias gráficas.

Por exemplo, a portaria do 'lay-off' "exige quebras de faturação de dois meses, mas a crise só aterrou em março, porque em janeiro e fevereiro estava tudo bem", apontou, defendendo que é preciso descomplicar as medidas.

"A burocracia do nosso Governo está muito pesada. A portaria diz que as empresas podem fazer 'lay-off', mas ninguém diz quando e como as empresas recebem", afirmou.

E deu um exemplo para ajudar as empresas: a devolução do IVA às empresas exportadoras por parte do Estado.

"Há muitas formas de o Governo atuar rapidamente para aliviar a liquidez das empresas. Os exportadores deste país são credores de IVA, então porque é que o Estado não devolve o dinheiro rapidamente", sugeriu.

Além da universalidade e de medidas claras e de fácil implementação, José Lopes de Castro questiona sobre a banca.

"Onde é que anda a banca", pergunta, salientando que os bancos estão a pedir às empresas as contas encerradas de 2019, algo que nesta altura do ano a maioria ainda não tem fechado.

"Ninguém tem contas encerradas neste país, o Governo tem de fazer alguma coisa, negociar garantias com a banca", defendeu.

"A banca tem de assumir um risco disto" e o Governo tem de passar "uma mensagem para o exterior" de que vai estar atento à distribuição das verbas.

"E que alguém diga quando é que a banca está disponível para falar com as empresas", salientou.

Sobre a indústria gráfica, José Lopes de Castro disse que o setor está "já claramente" a sentir o impacto da Covid-19 na atividade, estando gradualmente a deixar de receber encomendas.

A indústria gráfica conta com 2.100 empresas, que empregam cerca de 23.000 trabalhadores em Portugal.

Com a crise, "há empresas que estão a trabalhar e muito", mas representam uma parte "residual" do setor, e correspondem às atividades ligadas a embalagens das farmácias, embalagens alimentares.

As restantes - onde se inclui a área comercial, do livro - estão a ficar paradas, disse.

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