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Mais de 85% das mulheres do município angolano de Namacunde têm partos em casa

LUSA
08-08-2019 09:54h

Mais de 85% das mulheres do município angolano de Namacunde "dão à luz em casa" devido a "falta de serviços básicos de saúde" e às "péssimas condições" das estradas, revela um estudo divulgado esta quarta-feira.

A informação consta no Relatório de Avaliação Participativa da Pobreza no Município de Namacunde 2018, elaborado pela Comissão de Justiça e Paz da Diocese de Ondjiva, província angolana do Cunene, sul do país.

O município de Namacunde conta com 143.739 habitantes, dos quais 51,7% são mulheres e 48,3% homens.

Segundo o documento, que versa os domínios da habitação, saúde, educação, registo civil, água e saneamento, as oito aldeias de Namacunde estão afetadas pela seca e os habitantes percorrem longas distâncias para encontrarem cacimbas (poço) e/ou furos de água.

Cunene é uma das províncias do sul de Angola afetadas pela seca desde finais de 2018, situação que levou o Presidente do país, João Lourenço, a efetuar uma deslocação em maio passado.

O relatório da Igreja Católica angolana sublinha que a água consumida pelas famílias de Namacunde "é de má qualidade e não é tratada", e para minimizar os efeitos da seca, que em Cunene afeta mais de 170.000 famílias, o Governo da província distribui água às populações das aldeias por intermédio de camiões cisterna.

"Por motivo da seca as aldeias não produzem alimentos suficientes para satisfação das suas necessidades e necessitam de apoio alimentar", observa o estudo, referindo também que os serviços de saúde, energia elétrica e registo civil "não estão disponíveis".

Em Angola decorre uma campanha nacional de solidariedade para apoio às vítimas da seca que, a par do Cunene, afeta igualmente as províncias do Namibe, Huíla e Cuando-Cubango.

O relatório da Comissão de Justiça e Paz da Diocese de Ondjiva adianta que, no domínio da educação, a percentagem de crianças e professores que estudam e trabalham debaixo de árvores, por falta de infraestruturas escolares, "ainda é muito alto".

"No que concerne às condições habitacionais, as casas são precárias (de pau a pique), não têm latrina e as famílias fazem necessidades ao ar livre", lê-se.

O documento recomenda às autoridades angolanas que invistam na construção de unidades sanitárias nas localidades avaliadas, identifiquem "estratégias urgentes" para responder às necessidades de consumo de água e que apoiem as famílias com a introdução de culturas agrícolas resistentes à seca.

O Relatório de Avaliação Participativa da Pobreza no Município de Namacunde 2018 contou com o financiamento da Ajuda da Igreja Norueguesa e da União Europeia.

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