SAÚDE QUE SE VÊ

Cabo Verde perde 14,5 ME/ano devido a doenças relacionadas com tabaco, segundo um estudo

LUSA
08-08-2019 09:50h

Cabo Verde perde 14,5 milhões de euros por ano devido a doenças relacionadas com o tabaco, segundo um estudo apresentado hoje na cidade da Praia, que indica que 570 mortes podiam ter sido evitadas em 15 anos.

Promovido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e o Governo cabo-verdiano, o Estudo de Caso de Investimento no Controlo de Tabaco em Cabo Verde concluiu que o país perde 1,1% do seu Produto Interno Bruto (PIB) anualmente, devido a doenças relacionadas com o tabaco, correspondendo a 1,6 mil milhões de escudos (14,5 milhões de euros).

O mesmo documento concluiu ainda que 92% das perdas são produtividade económica e que apenas 8% do total das perdas económicas está relacionada com custos de saúde.

O estudo faz ainda uma retrospetiva dos últimos 15 anos e conclui que nesse período 570 mortes podiam ter sido evitadas com a implementação de seis medidas prioritárias da Convenção-Quadro da OMS para o Controle do Tabaco (CQCT).

A investigação observou que, em 15 anos, as perdas económicas evitadas devido ao controlo mais forte do tabaco foram de 6,9 mil milhões de escudos (62,5 milhões de euros).

A pesquisa deixa ainda três recomendações a Cabo Verde, nomeadamente adotar uma legislação abrangente sobre controlo do tabaco e investir na sua implementação e utilizar a nova estratégia nacional para orientar a aplicação da nova lei.

Os autores do inquérito consideram também que o país deve aumentar progressivamente os impostos sobre o tabaco, aplicando uma taxa uniforme a todos os produtos do tabaco com incremento progressivo, para reduzir a cessibilidade e aumentar as receitas.

Por fim, recomendam o reforço do controlo do tabaco para incrementar os rendimentos do setor do turismo, uma vez que grande parte da economia cabo-verdiana é derivada do turismo, considerando ainda que é fundamental a colaboração entre o Governo, as entidades do setor privado, a sociedade civil e os próprios turistas.

"Embora os custos da mortalidade prematura sejam altos, as consequências do consumo do tabaco começam muito antes da morte. À medida que os indivíduos começam a sofrer por doenças atribuíveis ao tabagismo, são necessários cuidados médicos dispendiosos para tratá-los", disse o ministro da Saúde, durante a apresentação.

Já o representante da OMS em Cabo Verde, Tomaz Valdez, considerou que o estudo vai ser uma oportunidade de reflexão sobre os impactos das escolhas de políticas públicas assertivas no setor da saúde.

"Este estudo indica claramente que Cabo Verde perde 1,1% do seu PIB por causa do tabagismo, ou seja, ao invés de crescer a 5,5%, estaríamos as crescer a 6,6%", notou o secretário de Estado das Finanças, Gilberto Barros.

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