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Pilotos de parapente vigiam praias e arribas em Torres Vedras

LUSA
29-07-2019 10:14h

Ao gosto de voar, três pilotos de parapente associaram a missão de vigiar praias e arribas, no litoral de Torres Vedras, como complemento aos tradicionais meios de vigilância balnear.

A sobrevoar as praias do concelho há 20 anos, João Belo, 53 anos, já se habituou à experiência de prevenir, vigiar e alertar a população para os perigos existentes no mar e nas arribas e até reportar ocorrências às autoridades.

“É gratificante estarmos a fazer um voo de lazer e, ao mesmo tempo, estarmos a ser úteis”, diz à agência Lusa.

No verão, são sobretudo banhistas em praias não vigiadas a entrar em “agueiros, que ao nível da água não são percetíveis e que a sobrevoar de parapente se consegue definir muito bem”.

Durante todo o ano, os alertas aos caminheiros que percorrem os trilhos localizados por cima das arribas são os mais frequentes.

“Já tive casos de pastores que perderam animais na arriba e pediram ajuda ou uma senhora que perdeu”, recorda o piloto.

Em 2018, foi premiado pelo município de Torres Vedras (distrito de Lisboa), depois de ter avisado as autoridades para uma vítima caída numa arriba, e daí surgiu o projeto “Alerta e Vigilância em Parapente”, da autarquia e da Associação Paravoar.

O projeto, que arrancou nesta época balnear e vai desenrolar-se durante quatro anos no litoral deste concelho do distrito de Lisboa, foi integrado no programa “Praia Segura”, iniciativa com uma viatura que percorre todos os dias as praias do concelho, com dois nadadores-salvadores.

Além da prevenção, vigilância e alerta a banhistas, caminheiros, pescadores ou surfistas, e da busca de pessoas ou animais desaparecidos, o projeto tem como missão observar o estado das arribas e reportar derrocadas iminentes à Proteção Civil Municipal, como já aconteceu nesta época balnear.

“Reportámos à Proteção Civil uma arriba perto da praia do Seixo, que está muito cavada por baixo e quem anda por cima nos trilhos não se apercebe”, conta João Belo.

A Proteção Civil Municipal colocou sinalização no local a alertar os cidadãos para a zona perigosa e comunicou o caso à Agência Portuguesa do Ambiente.

O projeto “traz imensas vantagens”, explica o técnico André Miranda, ao constatar que, do parapente, os pilotos têm uma visão privilegiada que não existe em terra e conseguem “identificar muitas situações de perigo no mar, na praia ou nos trilhos junto às arribas”.

A vigilância das praias em parapente surge com o objetivo de reforçar os meios de proteção, vigilância e socorro das praias concessionadas e nas praias não vigiadas no concelho.

Desde o início da época balnear, o programa “Praia Segura” já registou cinco ocorrências, relacionadas com doença súbita, alerta de incêndio, arrojamento de golfinhos e recolha de caravelas portuguesas.

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