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Covid-19: Cerca de 20 pessoas afastadas da TAP tinham “poucos dias de casa” – SNPVAC

19-03-2020 21:34h

Cerca de 20 trabalhadores que foram afastados da TAP ao abrigo do período experimental tinham “muito pouco dias de casa”, disse à Lusa o presidente do Sindicato Nacional de Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPAC), Henrique Louro Martins.

“Essa informação foi-nos dada há pouco tempo e os colegas que estão ao abrigo do período experimental viram essa situação efetivamente feita”, disse à Lusa Henrique Louro Martins, confirmando mais tarde que estão em causa cerca de 20 pessoas.

O afastamento insere-se no plano de contingência implementado pela companhia para fazer face à crise económica causada pela pandemia do novo coronavírus.

Fonte oficial da TAP confirmou à Lusa o afastamento de trabalhadores ao abrigo do período experimental, mas sem adiantar números.

O presidente do SNPVAC reconhece que “a lei neste caso pode proteger a empresa”, mas “o sindicato tem de proteger os trabalhadores”, referindo que os funcionários “terão todo o apoio jurídico do sindicato para aquilo que acharem necessário” e que “estará sempre ao lado deles”.

“Queremos que os próximos trabalhadores a entrar sejam aqueles que agora não lhes foi renovado o contrato, que têm muito poucos dias de casa”, disse à Lusa o sindicalista, esperando que estejam “exatamente nas mesmas condições, por uma razão de antiguidade, para ingressarem novamente na TAP assim que for possível”.

O presidente do SNPVAC manifestou a mesma posição para aos restantes trabalhadores, esperando que seja possível assegurar que todos "os funcionários que agora não viram os seus contratos renovados voltem novamente para a TAP".

Henrique Louro Martins referiu que “hoje foi um dia negro para muita gente” e que “houve pessoas que deixaram outras profissões para vir para a TAP”, dando como exemplo um caso “em que a pessoa deixou um futuro que tinha mais ou menos estruturado e de repente foi tudo por água abaixo”.

Estes trabalhadores incluem-se no grupo de 100 pessoas que a TAP anunciou não terem visto os seus contratos a prazo renovados, mas foram afastadas devido à vigência do período experimental, que no caso dos contratos a termo pode ir de 15 a 30 dias, de acordo com o Código do Trabalho.

O sindicalista afirmou à Lusa que até podem ser mais do que 100 trabalhadores nessa situação, dado que “neste momento ainda é um pouco cedo, para face à dimensão drástica na redução dos voos que a TAP teve”, poder confirmar o número.

 “O sindicato tem 3.000 associados, tem de os defender a todos, mas há aqui situações em que a lei não nos deixa ir mais além. O objetivo máximo do sindicato é a defesa dos postos de trabalho, mas há aqui situações que ninguém conseguia prever”, referiu o presidente do SNPVAC.

“A TAP e o próprio país estavam a caminhar numa situação de evolução e de repente veem-se a braços com esta crise provocada por este vírus, e de alguma maneira as empresas têm de adotar medidas”, reconheceu.

A TAP decidiu não renovar o contrato a prazo com 100 trabalhadores, que já foram notificados, uma medida do plano de contingência implementado pela companhia no âmbito do surto de Covid-19, confirmou hoje à Lusa fonte da transportadora aérea.

"Confirmamos que não estamos a renovar contratos de trabalho de colaboradores que estão a prazo", disse à Lusa fonte da TAP.

A transportadora realçou ainda que, quando precisar novamente de mais funcionários e tiver condições para reforçar a equipa, estas 100 pessoas serão as primeiras a ser chamadas. 

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, infetou mais de 235 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 9.800 morreram.

Das pessoas infetadas, mais de 86.600 recuperaram da doença.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se já por 177 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde a declarar uma situação de pandemia.

Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) elevou hoje o número de casos confirmados de infeção para 785, mais 143 do que na quarta-feira.

O número de mortos no país subiu para quatro, com anúncio da morte de uma octogenária em Ovar, feito pelo presidente da Câmara local, horas depois de a DGS ter confirmado a existência de três vítimas mortais até às 24:00 de quarta-feira em Portugal.

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