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Covid-19: Bolsonaro diz que continuará ao lado do povo "na alegria ou na tristeza"

LUSA
18-03-2020 23:24h

O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, afirmou hoje que continuará ao lado do seu povo, "na alegria ou na tristeza", após ter sido criticado por ameaça à saúde pública quando, no domingo, cumprimentou e tirou 'selfies' com centenas de apoiantes.

"Cumprimentei os meus eleitores, estive ao lado do povo, sabendo dos riscos que eu corria, mas nunca abandonaria o povo, a quem devo lealdade absoluta. (...) Eu, como chefe do Executivo, o líder maior da nação brasileira, tenho de estar na frente, junto com o meu povo", disse Bolsonaro, numa conferência de imprensa em Brasília com alguns dos seus ministros, em que usaram máscaras faciais.

"Não se surpreendam se me virem, nos próximos dias, entrando no metro lotado em São Paulo, numa barca na travessia para Niterói, ou dentro de um autocarro em Belo Horizonte. Isso, longe de demagogia ou populismo, é uma demonstração que estou ao lado do povo, na alegria ou na tristeza. É o exemplo que sempre dei na minha vida como soldado do Exército brasileiro", disse Bolsonaro, após ser questionado por vários jornalistas se se arrependia de ter interagido com apoiantes.

Em causa está o facto de Jair Bolsonaro ter contrariado no domingo as recomendações do seu próprio executivo, que desaconselhou grandes aglomerações de pessoas devido à pandemia da Covid-19, e ter-se juntado a dezenas de apoiantes numa manifestação, cumprimentando-os e tirando 'selfies' no meio da multidão.

Segundo o jornal Estadão, Bolsonaro teve contacto direto com pelo menos 272 pessoas, em cerca de 58 minutos de interação com apoiantes na frente do Palácio do Planalto, que o próprio chefe de Estado partilhou, através de vídeo, no seu perfil na rede social Facebook.

"Bolsonaro manuseou, pelo menos, 128 telemóveis, trocou quatro objetos com a plateia, entre eles um boné, que colocou na cabeça, e cumprimentou 140 pessoas. Parte dos cumprimentos, nos primeiros 50 minutos do vídeo, são com o punho fechado ou mesmo apertos de mãos. Nos cinco minutos finais de interação, o Presidente alcança pelo menos 80 apoiantes, correndo com a mão estendida e cumprimentando várias pessoas na sequência", relatou o jornal.

O Presidente da República tinha ainda recomendações de permanecer em isolamento, após ter sido submetido, na passada quinta-feira, a um exame para deteção do novo coronavírus, que testou negativo.

Jair Bolsonaro anunciou na terça-feira que também o seu segundo teste ao novo coronavírus deu negativo, numa mensagem escrita na rede social Twitter.

Contudo, hoje foi anunciado que dois ministros do seu executivo estão infetados pelo Covid-19.

Os dois ministros brasileiros que testaram positivo integraram uma comitiva que viajou para os Estados Unidos da América no início de março, e que teve pelo menos 17 membros infetados pelo novo coronavírus.

Na conferência de imprensa de hoje, a primeira interministerial sobre o Covid-19, Jair Bolsonaro disse que a pandemia é "grave", mas reiterou que a "histeria" deve ser evitada.

De acordo com os últimos dados do Ministério da Saúde, divulgados na terça-feira, o Brasil tem 291 casos confirmados do novo coronavírus e está a monitorizar 8.819 casos suspeitos, após ter sido anunciada na terça-feira a primeira morte causada pela Covid-19 no país.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, infetou mais de 210 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 8.750 morreram.

O surto começou na China, em dezembro, e espalhou-se já por 170 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde a declarar uma situação de pandemia.

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