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Covid -19: Ativistas egípcias detidas depois de pedirem libertação de presos

LUSA
18-03-2020 21:41h

Quatro ativistas dos direitos humanos foram hoje detidas na sequência de uma manifestação na capital do Egito, Cairo, a favor da libertação dos presos, temendo o contágio na prisão pelo novo coronavírus.

Segundo os familiares destas quatro mulheres, elas manifestaram-se em frente à sede do Governo egípcio, no centro do Cairo. Mona Seif, a sua mãe Laila, a tia Ahdaf e Rabab al-Mahdi, todas militantes políticas e intelectuais acabaram detidas na sequência deste protesto.

“Pedimos ao Estado a tomada de medidas sérias em relação ao coronavírus nas prisões”, afirmou Mona Seif numa transmissão em direto no Facebook, pouco antes da detenção.

Segundo ela, as prisões egípcias podem a qualquer momento se tornar no ninho de infeção de coronavírus.

O advogado Khaled Ali, especializado em direitos humanos indicou, nesta mesmo rede social, que as quatro mulheres já deram entrada num tribunal para serem interrogadas.

Sanaa Seif, irmã mais nova de Mona Seif, afirma que foi impedida de entrar na esquadra de polícia onde as quatro ativistas foram conduzidas.

Segundo a agência France Presse, o Ministério do Interior não comentou as detenções. Por sua vez, a Associação de Defesa dos Escritores (PEN) condenou o ato.

“A detenção de escritores que dizem a verdade ao Governo é um ato autoritário”, disse Salil Tripathi, diretor do Comité dos Escritores presos no seio da associação.

As organizações de defesa dos direitos humanos denunciam com alguma regularidade a sobrelotação e a falta de higiene nas prisões egípcias. Na passada terça-feira, Laila Soueif escreveu uma carta a pedir a libertação de quem se encontra detido.

“A única maneira de impedir que estes centros de detenção se transformem em locais de propagação da pandemia e de colocar a população do país inteiro em perigo passa por libertar o maior número possível de presos”, escreveu na missiva.

O Egito, que tem cerca de 100 milhões de habitantes, tem atualmente reportados 196 casos de Covid-19, registando seis mortos.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, infetou mais de 210 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 8.750 morreram.

Das pessoas infetadas, mais de 84.000 recuperaram da doença.

O surto começou na China, em dezembro, e espalhou-se já por 170 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

Os países mais afetados depois da China são a Itália, com 2.978 mortes para 35.713 casos, o Irão, com 1.135 mortes (17.350 casos), a Espanha, com 558 mortes (13.716 casos) e a França com 175 mortes (7.730 casos).

Face ao avanço da pandemia, vários países adotaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.

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