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Potencial novo antibiótico à base do metal irídio identificado - estudo

Lusa
23-12-2025 17:03h

Cientistas da Universidade de York, no Reino Unido, identificaram um composto à base do metal irídio, que consideraram um “promissor candidato a antibiótico”, indica um estudo divulgado hoje na revista Nature Communications.

Segundo a equipa liderada por Angelo Frei, do Departamento de Química da Universidade de York, o composto demonstrou uma elevada eficácia contra bactérias, incluindo estirpes semelhantes à mortal MRSA (Staphylococcus aureus resistente à meticilina), e uma baixa toxicidade para as células humanas.

Isto sugere que tem um elevado "índice terapêutico" e é um forte candidato ao desenvolvimento de novos medicamentos, “oferecendo uma nova esperança na luta global contra as infeções resistentes aos medicamentos”, refere um comunicado da universidade citada pela agência noticiosa espanhola EFE.

Mais de um milhão de pessoas morrem anualmente devido a infeções resistentes aos medicamentos e, se não forem descobertos novos antibióticos, procedimentos de rotina como a quimioterapia e os transplantes tornar-se-ão potencialmente perigosos.

Os investigadores optaram por procurar novos medicamentos nos compostos químicos à base de metais, tendo utilizado um sistema robótico de ponta que apenas numa semana foi capaz de sintetizar mais de 700 compostos metálicos complexos.

Posteriormente, a equipa analisou-os quanto à atividade antibacteriana e toxicidade em relação a células humanas saudáveis, identificando seis compostos com potencial, entre os quais se destacou o já referido.

Os autores do estudo explicam que, enquanto a maioria dos antibióticos modernos são moléculas "planas" à base de carbono, os complexos metálicos são tridimensionais, uma geometria que lhes permite interagir com as bactérias de formas completamente diferentes, ultrapassando potencialmente os mecanismos de resistência que derrotam os medicamentos atuais.

"A procura de novos antibióticos está estagnada há décadas. Os métodos de rastreio tradicionais são lentos e a indústria farmacêutica praticamente abandonou esta área devido ao baixo retorno do investimento. Precisamos de pensar de forma diferente", destaca o autor principal do estudo, Angelo Frei, citado pela EFE.

Para o químico, o composto de irídio descoberto “é entusiasmante”, mas a velocidade com que foi encontrado representa um “verdadeiro avanço”.

A equipa trabalha agora na compreensão de como o novo composto de irídio ataca as bactérias e na expansão da sua plataforma robótica para testar outros metais.

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