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Covid-19: Passageiros que chegam a Díli ficam em auto-quarentena e sob observação

LUSA
18-03-2020 09:52h

Mais de uma centena de pessoas que chegaram a Díli nas últimas semanas estão a ser instruídas para ficar em auto-quarentena e a ser contactados diariamente para avaliar a sua condição de saúde, disseram à Lusa responsáveis timorenses.

“São cento e tal pessoas que estão a ser acompanhadas pela equipa de surto. Algumas estão há 12 dias e os mais recentes têm três dias”, disse à Lusa a ministra interina da Saúde, Élia dos Reis Amaral.

Maria Varela Niha, ponto focal da equipa de surto que está a acompanhar esses casos, disse que são abrangidas chegadas de vários países de risco, com contactos e acompanhamento diários por parte das equipas do Ministério da Saúde.

“São contactados mesmo que não tenham sintomas. Não podem circular livremente, têm de estar em casa e são monitorizados diariamente pelo nosso médico”, explicou Niha.

Rajesh Pandav, responsável da Organização Mundial de Saúde, considera que é essencial manter a verificação de todos os que chegam, especialmente dos países de risco, para avaliar se podem verdadeiramente isolar-se, as condições desses locais de isolamento e que, em casos suspeitos, se recolhem amostras.

“São seguidos diariamente e isso tem que continuar”, referiu, explicando que essa operação está a ser coordenada pela equipa de surtos do Ministério da Saúde, que operam de um novo centro inaugurado esta semana com o apoio da OMS.

“Até agora, a OMS não recebeu notícias confirmadas sobre qualquer novo caso suspeito”, referiu.

Ainda à espera de um segundo teste – cujo resultado deve ser conhecido na quinta-feira, depois do primeiro ter dado negativo – continua um cidadão estrangeiro que permanece estável e em isolamento.

Um dos problemas continua a ser a preparação dos locais de isolamento e de quarentena para funcionar caso haja casos confirmados de Covid-19 no país.

Rajesh Pandav disse à Lusa que nenhum dos locais, tanto de quarentena – na localidade de Tibar, a oeste da capital - como de isolamento – no centro de Díli – estão ainda prontos.

“As populações locais continuam a protestar e no caso do local de isolamento em Díli os pacientes que estão lá precisam de ser mudados”, afirmou.

Pandav considerou esta questão urgente e argumentou que se deve avançar rapidamente e que continua a haver um elevado risco de o vírus chegar a Timor-Leste.

“Estamos a peder tempo precioso. Já temos a Covid-19 em 159 países, entre eles todos os que têm ligações por ar ou terra como Timor-Leste”, explicou.

“Além disso, há timorenses que estão a voltar de vários países de risco, como o Reino Unido, a Coreia do Sul. Por isso é urgente atuarmos”, afirmou.

Élia dos Reis Amaral disse à Lusa que o país está a atuar tendo a “preocupação de uma pandemia, uma situação de emergência de saúde pública” e que a urgência é “preparar a prontidão dos serviços de saúde”.

No caso da quarentena, disse que foi já feita uma reabilitação de um espaço em Tibar, escolhido por cumprir, em termos de localização e distância de populações, as recomendações da OMS.

“Temos de atuar para evitar contaminação ou transmissão da doença para a população. A reabilitação do local está a terminar”, disse.

“A população está a entender o que se está a passar e as pessoas continuam a ser informadas”, referiu.

No caso de Vera Cruz, a clínica onde será instalado o isolamento, disse que dois quartos estão preparados, mas que o Governo está à espera que chegue mais equipamento necessário.

“Estamos igualmente a pedir a amigos para nos ajudarem, inclusive para instalar um hospital temporário pré-fabricado que possa ser construído em pouco tempo”, afirmou.

Timor-Leste continua sem casos da Covid-19.

O coronavírus responsável pela pandemia da Covid-19 infetou mais de 189 mil pessoas, das quais mais de 7.800 morreram.

Das pessoas infetadas em todo o mundo, mais de 81 mil recuperaram da doença.

A China registou nas últimas 24 horas 11 mortos e 13 novos casos infeção pela Covid-19, mas só um é de Wuhan, todos os outros 12 são importados.

O surto começou na China, em dezembro, e espalhou-se por mais de 146 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

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