Moçambique alcançou níveis de diagnóstico da tuberculose acima de 80% em 2024, verificando-se confirmação bacteriológica da doença em metade das notificações, mas registou falhas na cobertura da tuberculose multirresistente, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
De acordo com "Relatório Global de Tuberculose 2025", divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), Moçambique está entre os três países com elevada carga de tuberculose multirresistente aos antibióticos que não atingiram 50% na cobertura de diagnóstico da doença em 2024, com um nível de abrangência de 31%, lista que partilha com a República Democrática do Congo, com 35%.
Entre os países africanos com o mesmo problema, o documento enumera a Somália, África do Sul, Angola, Zâmbia e Zimbabué.
Segundo o documento, apesar do impasse, Moçambique está também entre os países que, "para além do que seria esperado", registaram uma redução na ordem dos 5% em novas notificações no primeiro semestre de 2025, o que, reitera-se, "sugere um panorama misto que exigirá uma atenção contínua". Uma lista que também inclui Quénia e Uganda.
As notificações de casos da doença entre a maioria dos países com elevada carga de tuberculose, caíram em 2020 e, posteriormente, recuperaram para o nível pré-pandemia (2019) ou que o ultrapassaram mesmo, mas a República Centro-Africana, República Democrática do Congo e a Nigéria registaram um aumento das notificações ao longo do período de 2019 a 2024, descreve-se.
Segundo o relatório, o número de pessoas recém-diagnosticadas e a percentagem de casos da doença oficialmente notificados em relação ao número estimado de pessoas que desenvolveram a infeção ultrapassou 80% em alguns países como a Etiópia, Quénia, Moçambique, Uganda e Zâmbia.
"Em Moçambique, em particular, o sobrediagnóstico pode ter inflacionado artificialmente os dados de notificação, dado que a proporção de casos notificados diagnosticados com base na confirmação bacteriológica em 2024 foi de apenas 50%", explica-se.
Acresce ainda que Angola, Nigéria, Serra Leoa e Uganda contam com percentagens elevadas de populações que enfrentam despesas de saúde "catastróficas", contudo, a Nigéria e a África do Sul são dois exemplos dos países que aumentaram o financiamento interno para o seu combate à tuberculose, para "mitigar a perda de financiamento internacional dos doadores".
Regionalmente, a percentagem de pessoas tratadas para a tuberculose multirresistente com regimes de seis meses aumentou substancialmente entre 2023 e 2024: "as percentagens em 2024 foram mais elevadas na região africana da OMS (45%) e na região do mediterrâneo oriental (57%)".
Segundo a agência da ONU, África também está entre as seis regiões que registaram melhorias "constantes" no diagnóstico da tuberculose pulmonar entre 2020 e 2024, tendo passado de 65% para 70%, com uma cobertura da doença em pessoas com VIH de 89% e com a redução da mortalidade em 46% em 10 anos, apesar de ainda ser a quarta principal causa de morte no continente.
Refere-se ainda que o número estimado de mortes causadas pela doença no continente tem diminuído ano após ano desde 2011: "vários países com elevada carga de tuberculose na região africana da OMS alcançaram reduções de 50% ou mais, como o Quénia, Nigéria, Uganda, Tanzânia e Zâmbia", citou.
A tuberculose, causada pelo bacilo 'Mycobacterium tuberculosis', continua a ser um grande problema de saúde pública global e o progresso na sua redução está muito aquém das metas de 2030.