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Ex-presidente do INEM admite que há ainda "um longo caminho" a percorrer na instituição

LUSA
04-11-2025 18:24h

O presidente cessante do INEM, Sérgio Janeiro, despediu-se dos trabalhadores com uma carta na qual apelou à união, tendo admitido que há ainda “um longo caminho” a percorrer relativamente às condições de trabalho na instituição.

Sérgio Janeiro foi nomeado em julho de 2024 presidente do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), em regime de substituição, e foi na segunda-feira substituído por Luís Cabral.

Enquanto liderou o INEM, Sérgio Janeiro atravessou uma greve dos técnicos de emergência pré-hospitalar. A greve, iniciada em 30 de outubro e suspensa em 7 de novembro, levou a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde a abrir 12 inquéritos sobre as mortes ocorridas nesse período, concluindo que em três casos os atrasos no socorro estiveram diretamente associados à paralisação.

Na carta a que a Lusa teve hoje acesso, Sérgio Janeiro referiu que o INEM “vive um período de reorganização, que importa encarar como uma oportunidade, e com visão estratégica”.

“Subsiste ainda um longo caminho de melhoria das condições de trabalho, tanto nos edifícios principais como nas bases operacionais dos meios INEM”, disse.

Considerou que existe um Serviço de Helitransporte de Emergência Médica (SHEM) renovado, aguardando-se “novas viaturas (tanto de emergência como de serviços gerais) a curto prazo, em execução o adequado levantamento e desenho de sistemas de informação já existentes, com vista à projeção de uma visão integrada para melhorias tecnológicas futuras”.

Quanto ao futuro, afirmou que “deverá ser encarado com otimismo e união” mas criticou quem “individualmente ou através de associações/sociedades de representatividade e idoneidade questionáveis, apenas utiliza a difamação da marca INEM para autopromoção”.

“O INEM não é nem pode ser uma ilha”, frisou o presidente cessante, defendendo o reforço das sinergias com universidades, parceiros científicos, ordens profissionais e outras entidades ligadas à proteção civil.

Na despedida, o militar agradeceu o empenho de todos e fez uma menção especial à vogal do conselho diretivo, Alexandra Ferreira, destacando “humanismo, compaixão e competência” como marcas da sua colaboração.

A vogal do conselho diretivo, que também deixou uma mensagem de despedida, destacou os avanços alcançados nos últimos 15 meses.

Nomeada em julho de 2024, Alexandra Ferreira considerou que o período foi de “grande transformação, superação e serviço público de qualidade”.

Entre os progressos, destacou a contratação de 177 técnicos de emergência pré-hospitalar, a redução da taxa de inoperacionalidade e a revisão da carreira dos profissionais do setor.

A dirigente recordou ainda o reforço das estruturas internas, o cumprimento das recomendações da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde e a aposta na digitalização dos sistemas.

No campo legislativo e orçamental, salientou as propostas enviadas à tutela para rever a Lei Orgânica do INEM e a autorização para integrar o saldo orçamental de 2024 no de 2025.

Alexandra Ferreira lembrou ainda a aquisição de 282 novas viaturas e o arranque do novo SHEM.

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