O Governo de Donald Trump anunciou hoje que utilizará um fundo de emergência para financiar metade dos subsídios alimentares de que depende cerca de 12% da população norte-americana e que estão congelados desde sábado devido à paralisação orçamental.
O Governo utilizará 4,65 biliões de dólares (4,03 mil milhões de euros) de um fundo de emergência para financiar pagamentos relacionados com o 'SNAP', o principal programa público de assistência alimentar dos Estados Unidos, que cobrirá agora cerca de "50% da ajuda às famílias elegíveis", indicou um funcionário do Departamento de Agricultura em documentos judiciais.
Atualmente, 42 milhões de norte-americanos dependem desses benefícios.
O anúncio surge na sequência da decisão de um juiz federal da cidade de Providence, um dos dois que na semana passada ordenaram ao poder executivo que utilizasse fundos de emergência para garantir a continuidade do programa 'SNAP'.
O Governo do republicano Donald Trump alega que o programa está sem verbas após um mês de 'shutdown', uma paralisação parcial do Governo federal.
Democratas e republicanos mostraram-se até agora incapazes de chegar a um acordo sobre um novo orçamento e culpam-se mutuamente pela situação.
O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, garantiu na sexta-feira que estava pronto para libertar os fundos necessários caso os tribunais assim decidissem, afirmando que não queria que "os americanos passem fome".
O congressista Hakeem Jeffries, líder da minoria democrata na Câmara dos Representantes, acusou no domingo Donald Trump e o seu partido republicano de "explorarem a fome" dos 42 milhões de beneficiários desse programa.
A paralisação do Governo está prestes a tornar-se a mais longa da história esta semana, à medida que o impasse entre democratas e republicanos se arrasta há mais de um mês.
Milhões de pessoas correm o risco de perder o auxílio destinado à alimentação, os subsídios para assistência médica estão prestes a expirar e há poucas conversas reais entre os partidos sobre como pôr fim à situação.
A atual paralisação acontece devido à falta de acordo entre republicanos e democratas para aprovar no Congresso uma extensão orçamental que permitiria continuar a financiar as operações da administração federal.
Os democratas reivindicam o aumento de algumas verbas destinadas à saúde, enquanto os republicanos os acusam de tentar expandir os serviços de saúde para imigrantes indocumentados, algo que a oposição nega.
Numa entrevista exibida no domingo, Trump afirmou que não se deixará "extorquir” pelos democratas que exigem negociações para estender as verbas destinadas à saúde.
Ecoando os republicanos no Congresso, o Presidente disse no programa “60 Minutes”, da cadeia CBS, que só negociará quando o Governo reabrir.
Os comentários de Trump indicam que a paralisação do executivo poderá prolongar-se por mais algum tempo, num momento em que funcionários federais estão sem receber salários.
Os senadores democratas votaram 13 vezes contra a reabertura do Governo, insistindo que Trump e os republicanos devem negociar com eles primeiro.
Com as negociações num impasse, a paralisação, que já dura 34 dias e que se aproxima da sexta semana, provavelmente tornar-se-á na mais longa da história.
O recorde anterior foi estabelecido em 2019, quando Trump exigiu que o Congresso lhe desse verbas para a construção de um muro na fronteira entre os Estados Unidos e o México.
Durou 35 dias, entre 22 de dezembro de 2018 e 25 de janeiro de 2019, e foi a paralisação mais longa da história dos Estados Unidos.