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Algarve aposta na economia azul para mudar futuro da alimentação e farmacologia

Lusa
27-10-2025 15:25h

O Algarve está a posicionar-se como referência nacional e internacional na economia azul, desenvolvendo projetos que “podem mudar o futuro” da alimentação e da farmacologia, considerou hoje a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR).

Com projetos financiados pelo programa ALGARVE 2030, a região assume-se como laboratório vivo da economia azul, onde ciência, indústria e sustentabilidade “se unem para criar soluções em várias áreas e da própria relação com o oceano”, refere uma nota da CCDR do Algarve.

Para José Apolinário, presidente da CCDR/Algarve, citado na nota, a importância dos investimentos “é essencial porque o conhecimento gerado”, não está apenas a resolver problemas regionais, como a posicionar a região “na vanguarda das soluções de amanhã para a farmacologia e para a alimentação mundial”.

“Queremos afirmar a região como território líder da economia azul, reforçando igualmente a cooperação transfronteiriça no quadro da Eurorregião Algarve – Alentejo – Andaluzia”, acrescenta o também presidente da Autoridade de Gestão do ALGARVE 2030.

A estratégia algarvia coloca o mar no centro do desenvolvimento económico, com soluções que vão da biotecnologia à indústria naval, passando pela aquacultura sustentável.

Entre os projetos, sobressai o “Inovacel”, que promete revolucionar a agricultura celular, registando uma taxa de sucesso entre 85% e 90%, “na substituição do dispendioso e eticamente sensível” soro fetal bovino (FBS) por um substituto sustentável à base de microalgas, essencial para a produção de carne e peixe em laboratório.

Outro exemplo é o “Softcrab”, que transforma o caranguejo azul — espécie invasora na Ria Formosa — numa iguaria gastronómica de casca mole, convertendo um problema ambiental num produto com valor comercial.

Há ainda investimentos na aquacultura sustentável e apoio a empresas como a Sea4US, que desenvolve fármacos inovadores, entre os quais para a dor crónica, com base em organismos marinhos.

Na indústria naval, empresas como a Nautiber e a Sopromar apostam em soluções tecnológicas avançadas para a manutenção e construção, reforçando as cadeias de valor ligadas ao mar.

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) e o laboratório colaborativo S2AQUAcoLAB consolidam o papel do Algarve na investigação e transferência de tecnologia para aquacultura e biotecnologia.

Já o Observatório Marinho do Algarve (OMA) aproxima ciência e empresas, promovendo práticas sustentáveis no turismo e na restauração, alinhadas com os critérios ESG (Ambiental, Social e de Governança).

A Universidade do Algarve assume também um papel central no desenvolvimento da economia azul, “com um posicionamento inseparável da afirmação” do conceito que traduz a valorização sustentável do oceano como motor de crescimento económico, inovação produtiva e criação de emprego qualificado, refere o reitor da academia também citado na mesma nota.

Numa publicação hoje lançada pela CCDR/Algarve, intitulada “Algarve Economia Azul: Inovação e Fundos Europeus na Região”, são apresentados os projetos empresariais desenvolvidos na região e financiados por fundos europeus.

Na mesma publicação, a dimensão transfronteiriça da economia azul algarvia é destacada pelo Conselheiro de Agricultura, Pesca, Água e Desenvolvimento da Junta de Andaluzia (Espanha), parceiro na Eurorregião, considerando que a mesma poderá “remar em conjunto com impulso de outras regiões espanholas ou com o desenvolvido pelo Algarve, com o qual são partilhados objetivos, laços económicos e de amizade”.

Para a CCDR/Algarve, esta visão estratégica do Algarve, “não só reforça a identidade marítima, como se afirma como bússola do crescimento azul sustentável”, liderando soluções que unem ciência, indústria e cooperação internacional.

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