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Covid-19: Investimento estrangeiro no imobiliário pode estar comprometido

LUSA
17-03-2020 19:38h

O fim dos vistos ‘gold’ nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto aliado aos efeitos da pandemia de Covid-19 “podem comprometer o investimento estrangeiro de forma preocupante” no mercado imobiliário nacional, defendeu hoje a Habitat Invest.

“Medidas contra os ‘golden visa’, entre outras, agravadas por este problema [o surto de Covid-19], que é global, vão colocar Portugal numa enorme fragilidade e podem comprometer o investimento estrangeiro de forma preocupante”, disse o membro do Conselho de Administração da Habitat Invest, Pedro Vicente, que participava na conferência ‘online’ sobre o "Impacto do Novo Covid-19 no Mercado Imobiliário", promovida Vida imobiliária e a Associação Portuguesa dos Promotores e Investidores Imobiliários (APPII).

“As empresas portuguesas seguem de alguma forma descapitalizadas, são extremamente dependentes do investimento estrangeiro e, em termos políticos, têm sido dados uns tiros abaixo da linha de água para o fomento da confiança do investidor estrangeiro no mercado imobiliário nacional, que, agravados pela crise que vamos viver nas próximas semanas e meses, não colocam Portugal muito bem posicionado”, acrescentou Pedro Vicente.

Já na opinião do diretor da Vida Imobiliária, António Gil Machado, as principais consequências da pandemia do novo coronavírus no mercado imobiliário traduzem-se na paragem da transição de imóveis, o facto de apenas quem estiver em situação de necessidade urgente de liquidez se ver na obrigação de vender e as repercussões que tal terá no preço dos ativos imobiliários e a manutenção “por muito mais tempo” das taxas de juro negativas a seis e a 12 meses.

Do lado das instituições bancárias, o diretor de Crédito Especializado e Imobiliário do Millennium bcp, José Araújo assinalou que os bancos estão hoje “mais bem preparados para qualquer crise que se venha a dar no mercado”, do que estavam na crise de 2008, uma vez que diminuíram a sua exposição a ativos não rentáveis e o seu capital está “claramente reforçado”.

Por sua vez, o presidente executivo da imobiliária Century 21, Ricardo Sousa, disse acreditar que o surto de Covid-19 vai acelerar o “nivelamento” do mercado, que já se começava a verificar desde o final do ano passado, com os proprietários a voltarem a ter uma posição mais equilibrada com os compradores.

No mesmo sentido, Pedro Vicente, da Habitat Invest, acrescentou que “esta crise pode conduzir a uma suavização mais acelerada dos preços, que já se vinha a sentir”, manifestando-se preocupado com os efeitos da quebra do turismo no setor imobiliário.

Quanto a medidas excecionais do Governo para apoiar as empresas deste setor, o vice-presidente da APPII, Hugo Santos Ferreira partilhou um conjunto de propostas, que considera adequadas às necessidades do mercado imobiliário portugueses, como isenção de pagamento de Imposto Municipal Sobre Imóveis (IMI), bonificação extraordinária no Imposto Municipal sobre a Transmissão Onerosa de Imóveis (IMT) para os próximos seis meses, isenção do Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Coletivas (IRC) no pagamento de julho de 2020, simplificação dos requisitos administrativos e burocráticos nos licenciamentos camarários e comparticipação no pagamento das taxas a eles associados, linhas de apoio a tesouraria que não dependam de redução de faturação e suspensão de pagamentos de juros e capital nos créditos ao investimento imobiliário por seis meses.

O coronavírus responsável pela pandemia da Covid-19 infetou mais de 180 mil pessoas, das quais mais de 7.000 morreram.

Das pessoas infetadas em todo o mundo, mais de 75 mil recuperaram da doença.

Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) elevou hoje número de casos confirmados de infeção para 448, mais 117 do que na segunda-feira, dia em que se registou a primeira morte no país.

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