Os incêndios que atingiram o Canadá em 2023 contribuíram para a morte de quase 70.000 pessoas, sobretudo na América do Norte, de acordo com um estudo que publicado na revista Nature.
Estes incêndios florestais afetaram todo o país, devastando cerca de 17,3 milhões de hectares de vegetação.
O estudo estima que 354 milhões de pessoas na América do Norte e na Europa estão expostas a partículas finas em suspensão superiores às recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) devido a estes incêndios.
As consequências destes incêndios contribuíram para quase 70.000 mortes prematuras nos dois continentes, com a maioria destas a dever-se à poluição atmosférica e uma minoria à exposição direta ao fumo.
"Apesar de estarmos a prever fortes consequências dos incêndios recorde de 2023, a extensão da exposição das populações e a mortalidade que lhes é atribuível são superiores ao esperado", disse à agência de notícias France-Presse (AFP) um dos autores do estudo, Qiang Zhang, da Universidade de Tsinghua, em Pequim.
"Estes resultados sublinham que estes incêndios florestais extremos já não são apenas uma questão ambiental regional, mas tornaram-se uma preocupação de saúde pública global", acrescentou.
As partículas entram na corrente sanguínea através da respiração e estão entre as causas da bronquite crónica, cancro no pulmão e doenças cardiovasculares.
A exposição a fumos tóxicos teve um impacto maior nos Estados Unidos, resultando em 4.100 mortes, do que no Canadá, em que são estimadas cerca de 1.300.
Os investigadores estimaram que a longo prazo que 41.900 na América do Norte e 22.400 na Europa morreram em consequência da poluição produzida pelos incêndios de 2023 no Canadá.
Segundo o estudo, Espanha, França e Itália foram os países europeus mais afetados.
De acordo com Zhang, estas estimativas são inéditas, com os investigadores a depararem-se com uma lacuna em termos de referências anteriores, o que os levou a criarem um modelo informático baseado em observações de satélite.
A equipa de investigação acrescentou que trabalhos sobre este tema são cruciais, uma vez que os incêndios estão a tornar-se cada vez maiores, mais frequentes e mais intensos devido às alterações climáticas.