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Aumento de mortes por cólera no mundo e situação da doença no Sudão preocupa OMS

Lusa
29-08-2025 18:14h

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou na sexta-feira que o Sudão é o país com mais casos de cólera e que a doença é uma preocupação mundial porque, apesar do número de casos ter diminuído, as mortes aumentaram.

O Sudão, terceiro maior país de África e que enfrenta uma guerra civil desde 15 de abril de 2023, é o território mais afetado pela cólera no mundo, com mais de 2.400 mortes registadas no último ano em 17 dos seus18 estados, de acordo com dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) citados pela OMS.

De uma forma geral, as epidemias de cólera estão a agravar-se no mundo. Foram registados mais de 400.000 casos ao longo deste ano e 31 países foram afetados, comunicou a OMS.

"A situação mundial relativa à cólera continua a deteriorar-se", agravada por "conflitos e pobreza", salientou a agência das Nações Unidas.

"Os conflitos, as deslocações em massa, as catástrofes naturais e as alterações climáticas intensificaram os surtos, especialmente nas zonas rurais e nas zonas afetadas por inundações, onde as infraestruturas precárias e o acesso limitado aos cuidados de saúde atrasam os tratamentos", lamentou a organização.

Entre 01 de janeiro e 17 de agosto, foram notificados 409.222 casos e 4.738 mortes em todo o mundo.

Embora o número de casos tenha diminuído 20% em relação ao mesmo período do ano anterior, as mortes aumentaram 46%.

"Dada a amplitude, gravidade e natureza interligada destas epidemias, o risco de propagação posterior dentro e entre os países é considerado muito elevado", acrescentou a OMS.

Seis países têm uma taxa de mortalidade superior a 1%, o que revela graves lacunas no tratamento dos casos e atrasos no acesso aos cuidados de saúde, observou a Organização.

Além disso, alerta, a cólera ressurgiu em países que não registavam um número significativo de casos há anos, como a República Popular do Congo e o Chade.

Esses países apresentam atualmente as taxas de mortalidade mais elevadas do mundo, respetivamente 7,7% e 6,8%.

Angola registou uma diminuição de casos e mortes por cólera, com sete casos registados e nenhuma morte nas últimas 24 horas, tendo o Governo renovado o compromisso de eliminar a doença até 2030.

A cólera, que teve como epicentro Luanda, com o registo de 7.015 casos e 222 óbitos, afetou 18 das 21 províncias angolanas, apresentando nas últimas 24 horas o total cumulativo de 27.952 casos e 780 mortes.

Também Moçambique enfrenta um surto de cólera.

De acordo com o boletim da Direção Nacional de Saúde Pública, do Ministério da Saúde, com dados até 20 de julho, o surto de cólera, que afeta cinco províncias do centro e norte, causou 64 pessoas e 4.420 infetados desde 17 de outubro, dos quais 3.590 na província de Nampula, norte do país, com 40 óbitos.

A cólera, uma infeção diarreica aguda, é causada pela ingestão de alimentos ou água contaminados por uma bactéria vibrião. Fácil de tratar, principalmente por reidratação ou com antibióticos em casos graves, ela pode, no entanto, matar em poucas horas se não for tratada.

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