As autoridades moçambicanas apelaram à mobilização interna de ajuda humanitária para apoiar as populações deslocadas vítimas de ataques rebeldes na província de Cabo Delgado, de que é alvo desde 2017.
“O que podemos fazer aqui é um apelo a nível do nosso país para que, não só a parte internacional, mas que internamente haja maior sensibilização por parte dos moçambicanos para que de facto haja apoios aos nossos nacionais que têm esta preocupação, há esta necessidade de se ter apoio ao nível do nosso país”, disse a presidente do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD), Luísa Meque, citada hoje pela comunicação social.
A responsável avançou que o Governo está agora preocupado com aumento de pessoas deslocadas a necessitar de ajuda devido ao conflito em Cabo Delgado, tendo elogiado os esforços do Programa Alimentar Mundial (PAM) em continuar a apoiar o país na assistência humanitária.
Desde outubro de 2017, a província de Cabo Delgado, rica em gás, enfrenta uma rebelião armada com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico.
A recente onda de violência naquela província rica em gás já provocou desde a última semana de julho mais de 57.000 deslocados, de acordo com agências no terreno, sobretudo no distrito de Chiúre, sul de Cabo Delgado.
Pelo menos 29 pessoas morreram e outras 208 mil foram afetadas, em julho, pelos ataques de grupos extremistas em distritos de Cabo Delgado, província moçambicana que enfrenta a insurgência armada desde 2017, avançou um novo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU).
O ministro da Defesa Nacional, Cristóvão Chume, admitiu no final de julho preocupação com a onda de novos ataques em Cabo Delgado, adiantando que as forças de defesa estão no terreno a perseguir os insurgentes armados.
“Como força de segurança não estamos satisfeitos com o estado atual, tendo em conta que os terroristas nos últimos dias tiveram acesso às zonas mais distantes do centro de gravidade que nós assinalámos”, disse na altura Cristóvão Chume.
Pelo menos 349 pessoas morreram em ataques de grupos extremistas islâmicos no norte de Moçambique em 2024, um aumento de 36% face ao ano anterior, segundo um estudo divulgado em fevereiro pelo Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS).