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Médio Oriente: Chefe da diplomacia jordana acusa Israel de “matar perspetivas de paz” na região

Lusa
21-08-2025 09:16h

O chefe da diplomacia jordana, Ayman Safadi, acusou hoje Israel de “matar as perspetivas de paz” na região do Médio Oriente, depois de o Governo israelita dar ‘luz verde’ à tomada da cidade de Gaza.

“Vemos o Governo israelita não só a matar palestinianos e a destruir as perspetivas de paz na região, mas também a alargar o conflito ao Líbano e à Síria”, afirmou Safadi, durante um encontro com o homólogo russo, Serguei Lavrov, em Moscovo.

O ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE) jordano condenou uma “realidade completamente desumana criada na Faixa de Gaza pela agressão israelita”, indicando que pretende abordar com Lavrov “as iniciativas com o objetivo de pôr fim” aos “massacres e à fome”.

“A paz é um objetivo estratégico para todos nós. É o único caminho para a estabilidade na região”, sublinhou Ayman Safadi.

Apesar de a Jordânia não ser vizinha da Faixa de Gaza, é um dos países da região afetados pela guerra entre Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas, desencadeada pelo ataque de proporções sem precedentes por este realizado a 07 de outubro de 2023 em território israelita, que fez cerca de 1.200 mortos, na maioria civis, e 251 reféns.

O ministro da Defesa israelita, Israel Katz, ordenou hoje a mobilização de 60.000 reservistas, depois de ter dado ‘luz verde’ à tomada da cidade de Gaza, enquanto decorre o processo de mediação com vista a um cessar-fogo no território palestiniano e à libertação de reféns israelitas.

O ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE) do Egito, Badr Abdelaty, abordou hoje com o enviado especial dos Estados Unidos para o Médio Oriente, Steve Witkoff, a situação na Faixa de Gaza e destacou a necessidade de se avançar para o fim da guerra no enclave palestiniano, depois de o movimento islamita palestiniano Hamas ter aceitado, na segunda-feira, a proposta de trégua.

Numa conversa telefónica, o chefe da diplomacia egípcia salientou “a necessidade de aproveitar a oportunidade atual que se apresenta, com a aceitação por parte do Hamas da proposta dos Estados Unidos, para avançar no sentido do fim desta guerra injusta, que já dura quase dois anos”, informou o porta-voz do ministério, Tamim Khallaf, num comunicado.

Abdelaty propôs “utilizar o período de trégua proposto de 60 dias para negociar o fim da guerra e estabelecer as bases para uma solução justa da questão palestiniana”.

O MNE egípcio destacou também a “importância fundamental” da resposta de Israel à proposta e sua aplicação para “enfrentar a atual crise, salvar a vida dos reféns, aliviar o sofrimento dos palestinianos em Gaza e garantir a entrada de ajuda em quantidades suficientes para satisfazer as necessidades do povo palestiniano, submetido a uma política sistemática de fome”.

A proposta aprovada pelo Hamas começa com um cessar-fogo provisório de 60 dias, durante o qual serão trocados dez reféns por 150 prisioneiros, e com o reposicionamento das forças de ocupação israelitas, além do aumento da entrada e distribuição de ajuda humanitária.

No entanto, Israel insiste na libertação de todos os reféns que permanecem em Gaza (20 vivos e 30 mortos), e o Governo israelita ainda não se pronunciou sobre a proposta em cima da mesa.

A guerra no enclave palestiniano fez, até agora, 62.122 mortos, na maioria civis, e 156.758 feridos, além de milhares de desaparecidos, presumivelmente soterrados nos escombros, e mais alguns milhares que morreram de doenças, infeções e fome, de acordo com números atualizados das autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.

Prosseguem também diariamente as mortes por fome, causadas pelo bloqueio de ajuda humanitária durante mais de dois meses, seguido da proibição israelita de entrada no território de agências humanitárias da ONU e organizações não-governamentais (ONG).

Alguns mantimentos estão desde então a entrar a conta-gotas e a ser distribuídos em pontos considerados “seguros” pelo Exército, que regularmente abre fogo sobre civis palestinianos famintos, tendo até agora matado 2.018 e ferido pelo menos 13.863.

Há muito que a ONU declarou o território em grave crise humanitária, com mais de 2,1 milhões de pessoas numa “situação de fome catastrófica” e “o mais elevado número de vítimas alguma vez registado” pela organização em estudos sobre segurança alimentar no mundo.

Já no final de 2024, uma comissão especial da ONU tinha acusado Israel de genocídio em Gaza e de estar a usar a fome como arma de guerra, situação também denunciada por países como a África do Sul junto do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), uma classificação igualmente utilizada por organizações internacionais e israelitas de defesa dos direitos humanos.

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