A Cabo Verde Airlines (CVA) vai suspender temporariamente todas as atividades de transporte a partir de quarta-feira, por pelo menos 30 dias, devido à pandemia de Covid-19, anunciou hoje a companhia aérea.
Em comunicado enviado à Lusa, a companhia, liderada desde março de 2019 pela Icelandair, justifica a decisão como “consequência do alastramento progressivo da pandemia” de Covid-19, provocada por um novo coronavírus, a mais de 150 países, a maioria dos quais “já impuseram proibições temporárias de viagens, obrigando as companhias aéreas a suspenderem as suas atividades”.
“A Cabo Verde Airlines informa que, face à situação referida, e tendo em conta que as imposições de restrições de viagens incluem todas as rotas da companhia, irá suspender temporariamente todas as suas atividades de transporte a partir de 18-03-2020 por um período de, pelo menos, 30 dias”, refere a companhia, em comunicado.
Acrescenta que “continua em conversações com os principais acionistas e autoridades locais para avaliar se é necessário manter voos especiais, humanitários, de repatriação ou carga”. Isto “de forma a garantir que o arquipélago não fique isolado e que os bens essenciais, como medicamentos, podem ser fornecidos”, lê-se ainda no comunicado.
A decisão surge depois de o primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, ter anunciado hoje a suspensão, por pelo menos três semanas, de voos provenientes Portugal, Brasil, Estados Unidos e Senegal – além da Nigéria -, países afetados pela pandemia de Covid-19, com efeitos a partir de quarta-feira.
Estes quatro destinos eram também as últimas rotas que a CVA ainda assegurava, depois de progressivamente, ao longo das últimas semanas, ter cortado voos regulares para Washington (Estados Unidos, mantendo Boston), Lagos (Nigéria), Lisboa (Portugal, a partir da Praia, mantendo o voo desde a ilha do Sal), e Salvador da Bahia e Porto Alegre (Brasil, mantendo os voos para Fortaleza e Recife).
Antes disto, a CVA também já não voava para Roma e Milão, devido à proibição decretada pelo Governo cabo-verdiano a voos provenientes de Itália.
“As circunstâncias sem precedentes desencadeadas pelo surto do novo Coronavírus, Covid-19, representam uma ameaça existencial não apenas para a indústria da aviação e do turismo, mas de maneira geral para a economia e para a conectividade social”, adverte a companhia.
Em março de 2019, o Estado de Cabo Verde vendeu 51% da então empresa pública TACV (Transportes Aéreos de Cabo Verde) por 1,3 milhões de euros à Lofleidir Cabo Verde, uma empresa detida em 70% pela Loftleidir Icelandic EHF (que ficou com 36% da CVA) e em 30% por empresários islandeses com experiência no setor da aviação (que assumiram os restantes 15% da quota de 51% privatizada).
O novo coronavírus responsável pela pandemia da Covid-19 infetou, até à data, mais de 180 mil pessoas, das quais mais de 7.000 morreram.
Das pessoas infetadas em todo o mundo, mais de 75 mil recuperaram da doença.
O surto começou na China, em dezembro, e espalhou-se por mais de 145 paÃses e territórios, o que levou a Organização Mundial de Saúde a declarar uma situação de pandemia.