SAÚDE QUE SE VÊ

Rastreio do cancro do pulmão abrange fumadores e ex-fumadores dos 55 aos 74 anos - DGS

LUSA
01-08-2025 06:00h

O rastreio do cancro do pulmão vai abranger fumadores e ex-fumadores dos 55 aos 74 anos, que tenham fumado um maço por dia durante 20 anos, em projetos-piloto a arrancar nas regiões de Lisboa e do Norte, anunciou a DGS.

 

“Não é um rastreio para toda a população de uma faixa etária, como é, por exemplo, o rastreio do cancro do colón e reto, é para uma população de risco”, disse à agência Lusa o subdiretor-geral da Saúde, André Peralta Santos, no Dia Mundial do Cancro do Pulmão.

Peralta Santos salientou que o cancro do pulmão é o quarto tumor maligno mais comum em Portugal, sendo detetados anualmente cerca de 5.000 mil novos casos e morrem cerca de 4.000 pessoas vítimas desta doença.

Perante esta realidade, realçou a importância de, pela primeira vez, Portugal e outros países da União Europeia estarem a testar um rastreio para o cancro do pulmão “com um exame relativamente comum, uma TAC de tórax, só que de baixa dose”.

Segundo o subdiretor-geral da Saúde, as pessoas a abranger pelo rastreio têm entre os 55 e os 74 anos “são fumadoras ou deixaram de fumar há menos de 10 anos e tenham fumado um maço por dia durante pelo menos 20 anos”.

A DGS refere na orientação “Projetos-Piloto para Rastreio de Cancro do Pulmão”, a que a Lusa teve acesso, que "não existe boa evidência científica sobre os benefícios ou riscos da continuação de programas de rastreios de cancro do pulmão para pessoas em condição de alto risco" maiores de 74 anos.

Quem for rastreado e o exame for negativo será reavaliado anualmente. Já os casos positivos terão de ser referenciados para uma consulta da especialidade em menos de 30 dias para que seja diagnosticado corretamente “qualquer problema que possa existir”.

"Nos casos em que se verifique ausência de adesão ao plano de diagnóstico, após um teste de rastreio primário positivo, por ausência de adesão a três convocatórias” para consulta na unidade de rastreio, deve ser classificado como perda de seguimento e gerado um alerta para a equipa de saúde familiar da pessoa para delinearem cuidados de saúde personalizados, lê-se na orientação.

André Peralta Santos explicou que o rastreio será lançado inicialmente em projetos-piloto para esclarecer questões operacionais, como quantas pessoas convidadas vão efetivamente realizar o exame.

“Há muitos aspetos operacionais que desconhecemos e quando arrancarmos com uma estratégia populacional queremos que arranque bem e que os portugueses tenham confiança em todo o processo, desde o momento que são contactados e convidados para rastreio, até, eventualmente, serem seguidos depois na sua doença”, justificou.

Para isso, é preciso perceber quantas pessoas convidadas vão realmente aderir ao rastreio, assim como quantos profissionais são necessários para operacionalizar um rastreio e para tratar as pessoas identificadas com cancro do pulmão.

“Um dos imperativos éticos dos rastreios [é que] não podemos iniciar um rastreio se não tivermos a certeza absoluta que temos meios suficientes para tratar todas as pessoas que são identificadas”, vincou.

Fonte oficial do Ministério da Saúde revelou à agência Lusa que estão em andamento dois projetos-piloto, um na Unidade Local de Saúde Santo António, no Porto, e outro no concelho de Cascais promovido pela autarquia.

Questionado sobre quando vão arrancar os projetos-piloto, André Peralta disse que vão avançar no próximo ano. “Precisamos de um ano dos pilotos a trabalhar em pleno e depois vamos avaliar [em 2027] e perceber como é que podemos escalar esta estratégia para toda a população”.

Mas reforçou: “Quando arrancarmos com a estratégia alargada a todo o país (…) os portugueses têm de ter a segurança que quando são convidados para um rastreio, têm todo o seguimento previsto até ao fim”.

“Pela primeira vez temos uma medida que nos ajuda a diminuir a mortalidade do cancro do pulmão, que é muito mortal”, disse, realçando que os estudos indicam que, quando o rastreio estiver totalmente implementado, consegue evitar-se entre três a seis mortes por cada 1.000 pessoas rastreadas.

O rastreio ao cancro do pulmão há muito que é reivindicado pela Associação Portuguesa de Luta Contra o Cancro do Pulmão e por especialistas para reduzir a elevada mortalidade, decorrente de grande parte dos diagnósticos serem feitos tardiamente.

MAIS NOTÍCIAS