O cardeal patriarca de Lisboa divulgou uma carta aos diocesanos, na qual agradece a “dedicação e coragem” dos profissionais de saúde e dos que nos “serviços públicos, sociais ou privados trabalham diretamente para prevenir e debelar a presente pandemia”.
No documento, publicado hoje na página do Patriarcado de Lisboa na Internet, Manuel Clemente dirige-se, também, aos padres, dizendo sentir “com cada um deles a profunda tristeza de não poder celebrar com a generalidade dos fiéis a Liturgia Quaresmal, que se previa tão forte e espiritualmente fecunda”.
“Sei, ainda assim, que as presentes limitações, requeridas pelo bem de todos, nos fazem reviver os momentos mais solitários de Jesus Cristo, que não deixaram de ser intensamente sacerdotais e salvadores”, escreve o cardeal na carta, na qual agradece “a criatividade com que tantos sacerdotes, diáconos e outros agentes pastorais têm usado as possibilidades mediáticas para acompanhar o Povo de Deus” durante o surto de Covid-19.
Manuel Clemente dirigiu ainda uma palavra às famílias e pequenos grupos na qual “se multiplicam (…) as iniciativas de oração biblicamente inspirada e de devoção quaresmal”.
“Persistamos assim (…) nas comunidades e famílias, na vida consagrada e pastoral. Sobretudo agora, quando a nossa oração e solidariedade com os enfermos, as suas famílias e os que estão na primeira linha do combate à pandemia não podem faltar, nem faltarão”, exorta, ainda, o cardeal Manuel Clemente.
O coronavírus responsável pela pandemia da Covid-19 infetou já mais de 180 mil pessoas, das quais mais de 7.000 morreram.
Das pessoas infetadas em todo o mundo, mais de 75 mil recuperaram da doença.
O surto começou na China, em dezembro, e espalhou-se por mais de 145 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Depois da China, que regista a maioria dos casos, a Europa tornou-se o epicentro da pandemia, com mais 67 mil infetados e pelo menos 2.684 mortos.
A Itália com 2.158 mortos registados até segunda-feira (em 27.980 casos), a Espanha com 491 mortos (11.191 casos) e a França com 148 mortos (6.663 casos) são os países mais afetados na Europa.
Face ao avanço da pandemia, vários países adotaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.
Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) elevou hoje número de casos confirmados de infeção para 448, mais 117 do que na segunda-feira, dia em que se registou a primeira morte no país.
Dos casos confirmados, 242 estão a recuperar em casa e 206 estão internados, 17 dos quais em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI).
O boletim divulgado pela DGS assinala 4.030 casos suspeitos até hoje, dos quais 323 aguardavam resultado laboratorial.
Das pessoas infetadas em Portugal, três recuperaram.
De acordo com o boletim, há 6.852 contactos em vigilância pelas autoridades de saúde.
Atualmente, há 19 cadeias de transmissão ativas em Portugal, mais uma do que no domingo.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, convocou uma reunião do Conselho de Estado para quarta-feira, para discutir a eventual decisão de decretar o estado de emergência.
Portugal está em estado de alerta desde sexta-feira, e o Governo colocou os meios de proteção civil e as forças e serviços de segurança em prontidão.
Entre as medidas para conter a pandemia, o Governo suspendeu as atividades letivas presenciais em todas as escolas desde segunda-feira e impôs restrições em estabelecimentos comerciais e transportes, entre outras.
O Governo também anunciou o controlo de fronteiras terrestres com Espanha, passando a existir nove pontos de passagem e exclusivamente destinados para transporte de mercadorias e trabalhadores que tenham de se deslocar por razões profissionais.