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Covid-19: Comércio tenta adaptar-se perante ruas e transportes vazios em Londres

LUSA
17-03-2020 15:50h

Num café de bairro em Londres, o serviço passou a ser feito numa mesa colocada à porta e o consumo apenas é possível na esplanada ou fora do estabelecimento devido aos receios com o Covid-19.

Kim, a proprietária do Maison Bleue Canteen, em Islington, tomou esta decisão devido ao ambiente de preocupação criado pela pandemia do coronavírus, para “proteger a saúde dos funcionários e clientes”. 

A decisão foi tomada depois de reforçar as medidas de higiene e deixar de aceitar dinheiro físico para reduzir o risco de infeção, mas o apelo do governo aos britânicos evitarem o convício social em bares e restaurantes de forma a evitar a propagação do vírus não deixou alternativa. 

"É muito difícil, neste momento, encontrar certezas, por isso temos de viver um dia de cada vez. Vamos ver o que o amanhã traz”, explicou, numa comunicação através da rede social Instagram.

Embora o governo não tenha decretado o encerramento, museus, teatros e cinemas decidiram fechar e eventos como jogos de futebol e concertos foram suspensos por iniciativa dos organizadores. 

Além de desencorajar o convívio social “desnecessário”, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, pediu também aos britânicos, sobretudo aos residentes em Londres, onde o número de infetados foi maior, para evitarem viagens desnecessárias e trabalharem remotamente a partir de casa.

Tendo em conta que 480 dos 1.543 casos confirmados de infeção e 33 das 55 mortes até agora comunicadas foram registadas na região de Londres, o governo acredita que a pandemia vai acelerar na capital britânica nas próximas semanas. 

“Para aliviar a pressão sobre o sistema de saúde de Londres e diminuir a disseminação em Londres, é importante que os londrinos prestem atenção especial ao que estamos a dizer sobre evitar contactos não essenciais, e levem a sério os conselhos sobre trabalhar em casa e evitar espaços confinados, como bares e restaurantes”, avisou o primeiro-ministro na segunda-feira.

No centro da cidade, o Alfredo’s, um pequeno bar de sandes que normalmente serve refeições ligeiras a funcionários dos escritórios dos bancos e instituições financeiras, perspetiva o encerramento devido à queda abrupta de receitas. 

“Não estamos a ganhar dinheiro para pagar as contas e os impostos. Tive de mandar dois empregados para casa”, contou o proprietário, Alfred Xhameni, à BBC.

Nem todos os cafés, bares e restaurantes decidiram mudar a forma de funcionamento, mas o impacto da crise é visível no movimento nas ruas e, consequentemente, no consumo. 

As principais estações de comboio, normalmente cheias durante a hora de ponta da manhã, como Waterloo, Victoria ou Euston, estavam hoje quase vazias e o metropolitano, que até agora transportava diariamente cerca de quatro milhões de pessoas, tem lugares de sobra nas carruagens. 

O 'Mayor' de Londres, Sadiq Khan, defendeu a necessidade de funcionamento dos transportes públicos para servir aqueles que precisam de deslocar-se, nomeadamente enfermeiros, médicos, polícias ou bombeiros. 

“Mas poderemos de reduzir à medida que a procura é menor. Nos próximos dias, vamos reduzir para um serviço de fim de semana durante a semana, e ainda menos frequente se a procura mostrar que podemos reduzir o serviço”, adiantou à BBC. 

O coronavírus responsável pela pandemia da Covid-19 infetou mais de 180 mil pessoas, das quais mais de 7.000 morreram.

Das pessoas infetadas em todo o mundo, mais de 75 mil recuperaram da doença.

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