Pelo menos 19 pessoas estão internadas no Centro de Saúde de Mopeia, na província moçambicana da Zambézia, após serem mordidas por um cão de rua, anunciou hoje fonte oficial, referindo que as vítimas aguardam ainda pela vacina contra a raiva.
"Há um cão vadio que surgiu de um bairro incerto e foi atacando alguns cidadãos que se faziam à nossa vila sede e, [desde segunda-feira] até às 17:00 [de quarta-feira], já tínhamos cerca de 19 pessoas vítimas desse cão", disse Gervásio Escola, diretor distrital de Saúde de Mopeia, na província da Zambézia, no centro de Moçambique.
Segundo o responsável, as vítimas já receberam os primeiros socorros, mas continuam internadas à espera da vacina antirrábica, que não está disponível naquela unidade de saúde.
"Não temos a vacina antirrábica a nível da nossa vila sede [e, por isso,] solicitámos mesmo ontem [quarta-feira] essa vacina a nível provincial. Acionamos [também] mecanismos com os colegas de serviços distritais de atividades económicas que se prontificaram logo à caça deste cão vadio”, referiu o diretor, pedindo que os criadores de cães sejam responsáveis.
Em 2019, pelo menos 16 pessoas morreram no primeiro semestre devido à raiva canina, de um total de 18.835 vítimas de mordeduras provocadas por cães, indicam os últimos dados publicados pelo Ministério da Saúde moçambicano.
Ainda de acordo com os últimos dados das autoridades, estima-se que haja 2,8 milhões de cães em Moçambique.
A Direção Nacional de Desenvolvimento Pecuário de Moçambique proibiu, em abril de 2024, com efeitos imediatos, a importação de 26 raças de cães “potencialmente perigosas”, devido ao “aumento significativo” de incidentes que têm provocado a morte de pessoas e de outros animais.
“Os riscos para a saúde pública decorrentes da presença de cães potencialmente perigosos e cães considerados perigosos em Moçambique têm vindo a aumentar significativamente. Tais riscos manifestam-se através de incidentes como mordeduras, ataques e agressões, tanto a seres humanos como a outros animais, levando a ferimentos, amputações e até à morte das vítimas dos ataques”, segundo um aviso daquela direção, a que a Lusa teve acesso, na altura.
Passaram a ser interditados de entrar em Moçambique o fila-brasileiro, dogo argentino, pitbull, rottweiler, staffordshire terrier americano e tosa inu.
A lista inclui ainda bull terrier, bullmastiff, doberman, raças resultantes de cruzamento com lobos, pastor alemão e pastor australiano.
No aviso avança-se que não estão abrangidos pela proibição os serviços públicos, Forças Armadas, cães-guia, cães de companhia de pessoas com deficiência, serviços de proteção contra desastres e salvamento e empresas de segurança privada, mas a importação de cães de raça potencialmente perigosos por aquelas entidades deve ser mediante autorização de um organismo competente.
Também não estão incluídos criadores e canis de reprodução, devidamente registados e autorizados pela autoridade veterinária.