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Listas de espera em Lisboa para prevenção do VIH superiores a um ano - organização

LUSA
15-07-2025 17:35h

As pessoas que pretendem uma primeira consulta hospitalar em Lisboa para a prevenção do VIH têm de esperar mais de um ano, quando deveriam ter acesso em 30 dias, alertou hoje o Grupo de Ativistas em Tratamento (GAT).

“Já há listas de espera nos três hospitais de Lisboa que têm esta consulta que têm um ano ou mais. Portanto, regra geral as pessoas têm de esperar mais de um ano para ter acesso à prevenção, que custa menos do que a pílula contracetiva”, adiantou à Lusa o secretário-geral do GAT.

Em causa está a profilaxia pré-exposição (PrEP), que permite prevenir a infeção pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH) através da toma diária de um comprimido e que, de acordo com Luís Mendão, tem uma eficácia acima dos 99%.

“Em Lisboa, uma pessoa que quer fazer PrEP porque considera que está em risco, neste momento, não tem nenhuma consulta até 31 de dezembro deste ano, quando deveria ser 30 dias para uma primeira consulta”, salientou o dirigente da organização não governamental criada em 2001.

Luís Mendão salientou ainda que Portugal tem tido uma diminuição lenta do número de novos casos diagnosticados de VIH, mas continua muito acima da média na União Europeia, em particular, no concelho de Lisboa.

Perante isso, é necessária uma resposta localizada, defendeu o dirigente do GAT, ao salientar ainda a urgência de aumentar o rastreio, sobretudo, nas zonas onde a presença da epidemia de VIH é mais alta, nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, com um terceiro foco na Península de Setúbal.

À Lusa, Luís Mendão referiu ainda que Portugal assumiu a chamada meta global dos “95-95-95” - 95% das pessoas que vivem com HIV diagnosticadas, 95% dessas pessoas em tratamento antirretroviral e, dessas, 95% das com carga viral suprimida -, mas desde 2021 que não consegue reportar estes dados.

“Não sabemos como estamos e é preciso resolver esta situação que se arrasta há quatro anos sem termos uma plataforma capaz para monitorização dos dados”, alertou o secretário-geral do GAT.

Luís Mendão considerou também um “péssimo sinal” que o programa nacional prioritário para as infeções sexuais transmissíveis e da infeção pelo VIH não tenha um responsável.

“Face aquilo que sabemos terem sido recusas para convites feitos, é porque o programa não tem as condições mínimas para oferecer condições de trabalho” a um responsável nacional, realçou o ativista.

Como consequência direta deste `vazio´ na liderança do programa, Luís Mendão salientou a falta de uma estratégia nacional que permita, por exemplo, diminuir o número de diagnósticos tardios de quase 60%, entre os quais 25% de pessoas diagnosticadas já com SIDA.

“Enquanto não resolvermos esse problema, nós continuaremos a ter uma mortalidade prematura e transmissão potencial a partir das pessoas infetadas”, alertou.

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