Mais de 3,5 milhões de pessoas no Sudão do Sul precisam de ajuda nutricional urgente, de acordo com um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) hoje publicado.
O estudo "Organização Mundial da Saúde: estratégia de gestão do conhecimento" alerta para o agravamento da crise nutricional num contexto de crescente insegurança alimentar, conflitos e sistemas de saúde frágeis, que elevou em 10% os casos de desnutrição aguda entre crianças menores de cinco anos num ano.
"A desnutrição não é apenas um problema de saúde, é uma emergência de desenvolvimento que afeta todos os aspetos da vida no Sudão do Sul", afirmou a coordenadora estratégica de informação sanitária da OMS no Sudão do Sul e principal autora do relatório, Anabay Mamo.
Os resultados mostram que 714.000 crianças correm o risco de sofrer de desnutrição aguda grave, enquanto outras 1,6 milhões enfrentam desnutrição aguda moderada.
"Mais de 90% destas crianças vivem em zonas classificadas como gravemente inseguras do ponto de vista alimentar", acrescentou Mamo, que alertou que "a crise é agravada pela escassa diversidade alimentar".
Apenas 16% das crianças entre seis e 23 meses recebem a dieta mínima aceitável e apenas 27% dos lares atingem a pontuação de consumo alimentar aceitável, de acordo com o relatório da OMS.
"As famílias sobrevivem à base de cereais e óleo. Os alimentos ricos em nutrientes, como vegetais, legumes e proteínas animais, estão fora do alcance da maioria", segundo o estudo.
A OMS pede que passe a existir uma abordagem preventiva no Sudão do Sul e exortou as agências de ajuda humanitária e a comunidade internacional a ampliar o apoio nutricional a adolescentes, homens e idosos, que se reforcem os programas de alimentação escolar e que seja integrada a nutrição "numa agricultura resistente às alterações climáticas".