As potências mundiais e a missão especial da ONU na Líbia (UNSMIL) invocaram a crise sanitária provocada pela pandemia para apelar ao cumprimento do cessar-fogo naquele país, interrompido nos últimos dias por combates na capital.
Numa declaração, a UNSMIL insistiu na necessidade de declarar uma cessação humanitária imediata das hostilidades, que permita uma suspensão de todas as operações militares, incluindo a transferência de soldados e de equipamento, a fim de facilitar o trabalho das autoridades locais na “contenção rápida do desafio de saúde pública sem precedentes colocado pela Covid-19”.
“Enquanto continuamos os nossos esforços para facilitar o diálogo entre os líbios, nas áreas política, económica e militar, instamos todas as partes envolvidas a dar um passo ousado e a unificar esforços na luta contra a pandemia”, diz a missão especial da ONU na Líbia, no comunicado.
“A Covid-19 não tem afiliação e ultrapassa todas as fronteiras. Convocamos todos os líbios a unirem forças imediatamente e antes que seja tarde demais para lidar com essa ameaça esmagadora e que se espalha rapidamente", acrescentou o comunicado.
Nesse sentido, a UNSMIL propõe “promover a implementação de um mecanismo consolidado para lidar com a Covid-19 na Líbia, em estreita colaboração com a Organização Mundial de Saúde e outras agências da ONU no terreno, e com os amigos da Líbia. A família da ONU na Líbia está pronta para continuar a apoiar os líbios perante esta ameaça”.
A Líbia entrou num ciclo de violência desde o derrube, em finais de 2011, do regime de Muammar Kadhafi, na sequência de uma rebelião interna apoiada por uma intervenção militar aérea dos Estados Unidos, Reino Unido e França.
A atual guerra civil decorre desde 2015 e recrudesceu em abril de 2019, na sequência da ofensiva desencadeada pelas forças de Haftar em direção a Tripoli, a capital, onde está instalado o Governo de Acordo Nacional (GAN).
De acordo com as estimativas, esta ofensiva e os combates entre as diversas forças em presença já provocaram 1.500 mortos, cerca de 15.000 feridos e mais de 130.000 pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas, aumentando o número de deslocados internos.