A Ordem dos Enfermeiros dos Açores alertou hoje para a falta de material de proteção individual e de colheitas em hospitais e unidades de saúde da região e está a preparar uma bolsa de enfermeiros.
O presidente da Secção Regional dos Açores da Ordem dos Enfermeiros, Pedro Soares, adiantou à agência Lusa que, desde segunda-feira, os enfermeiros da região fazem chegar "denúncias, de praticamente toda a parte, em que a racionalização [de equipamentos de proteção individual (EPI)] está a ser feita de forma irrefletida".
Foi "garantido pela tutela que existe quantidade razoável, mas que tem de ser racionalizada", explicou o enfermeiro, acrescentando que os relatos que têm chegado dão conta de "enfermeiros, em algumas instituições, que recebem uma máscara no início de turno, e essa máscara tem de dar para o dia todo, quando, pelas indicações do fabricante, a máscara só garante quatro horas de proteção".
Há falhas a nível de EPI no Hospital Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada, "principalmente no Serviço de Urgência, na Unidade de Cuidados Intensivos e na Obstetrícia", nas Unidades de Saúde de Ilha da Terceira e do Faial falta "material adequado para fazer colheitas nos domicílios" e, no Hospital do Santo Espírito, em Angra do Heroísmo, "o serviço de referência não tem duche" para enfermeiros em fim de turno, indicou.
"Já fizemos alertas à secretária [Regional da Saúde]. Sabemos que a tutela está a enviar todos os esforços para resolver esta situação", afirma Pedro Soares.
Depois de ter disponibilizado 55 enfermeiros para a Linha de Saúde dos Açores, através de uma listagem entregue à tutela, a Ordem dos Enfermeiros prepara agora "nomes de enfermeiros que têm disponibilidade para uma equipa de retaguarda, para ter uma bolsa de enfermeiros, que, num cenário mais à frente, sejam necessários no terreno", adiantou o presidente de secção regional.
A dispersão geográfica é "uma das razões da criação desta bolsa", já que permite ter "uma equipa com uma dimensão considerável, que a qualquer momento seja alocada no lugar em que seja mais precisa a nível dos Açores", explicou.
Depois de ter apresentado uma série de medidas, que passam por garantir que os profissionais de saúde têm acesso aos EPI adequados, promover espaços de triagem fora dos hospitais, como em tendas de campanha, para doentes suspeitos de estarem infetados pelo novo coronavírus, ou a implementação de turnos de 12 horas e de horários com equipas fixas, Pedro Soares avançou que a concelhia açoriana da Ordem dos Enfermeiros defende o fecho dos aeroportos.
"Temos uma barreira geográfica, uma barreira natural que nos pode ajudar a fechar os aeroportos, sem dúvida que seria uma mais-valia imediata, no sentido de colmatar algumas infeções cruzadas", considerou.
O coronavírus responsável pela pandemia da Covid-19 infetou mais de 180 mil pessoas, das quais mais de 7.000 morreram.
O surto começou na China, em dezembro, e espalhou-se por mais de 145 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Face ao avanço da pandemia, vários países adotaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.
Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) elevou hoje número de casos confirmados de infeção para 448, mais 117 do que na segunda-feira, dia em que se registou a primeira morte no país.
Nos Açores, foi confirmado no domingo o primeiro caso positivo para a Covid-19, uma mulher de 29 anos residente na ilha Terceira, que esteve em Amesterdão, na Holanda, e em Felgueiras.