Os populares da localidade guineense de Cacine, no extremo sul do país, estão a pedir às autoridades que encerrem as fronteiras terrestres com a Guiné-Conacri, por receio de contágio da Covid-19.
Citados pela rádio Sol Mansi (emissora Católica), Salifo Camará e Abubacar Baldé, porta-vozes da população de Cacine, pediram ao Governo que mande encerrar a fronteira com a Guiné-Conacri, país onde já foi diagnosticado um caso de infeção por Covid-19.
"Estamos num risco grande, porque entre a Guiné-Bissau e a Guiné-Conacri, a partir de Cacine, só temos escassos quilómetros de distância", notou Salifo Camará.
Acrescentou ainda que entre as tabancas (aldeias) de Sanconha (na Guiné-Bissau) e Sansalé (na Guiné-Conacri) apenas existem sete quilómetros de distância e que diariamente passam pelas duas localidades centenas de pessoas.
"Mas, ao longo da fronteira entre os nossos dois países há mais de 50 caminhos com mais de mil entradas", sublinhou Abubacar Baldé.
Salifo Camará disse, no entanto, que o "perigo maior" está na travessia por via marítima entre os dois países.
"Nem sei contar o número de canoas que saem do porto de Cachegue (na Guiné-Conacri) para Cacine ou para as ilhas dos Bijagós", na Guiné-Bissau, frisou Camará, que apela às organizações não-governamentais, nomeadamente à Cruz Vermelha, para que retomem as suas atividades naquela zona.
Salifo Camará lembrou o trabalho de sensibilização feito pelas ONG aquando do surto do Ébola.
Naquela altura, enalteceu Camará, a população de Cacine passou a conhecer o Ébola e até a saber como se manifesta e quais os cuidados, graças ao trabalho de sensibilização das ONG.
Fechar a fronteira entre países cujas populações interagem em tudo "não será tarefa fácil", mas Abubacar Baldé vê na medida a única forma de proteger "para já" as pessoas de Cacine.
As autoridades guineenses ainda não registaram qualquer caso de Covid-19 no país, mas os países vizinhos como o Senegal e a Guiné-Conacri têm casos confirmados.
As autoridades guineenses suspenderam já atividades com grandes aglomerações de pessoas, incluindo espetáculos, concertos e cerimónias religiosas e tradicionais, e iniciaram campanhas de sensibilização junto da população.
O coronavírus responsável pela pandemia da Covid-19 infetou cerca de 170 mil pessoas, das quais 6.850 morreram.
Das pessoas infetadas em todo o mundo, mais de 75 mil recuperaram da doença.
O surto começou na China, em dezembro, e espalhou-se por mais de 140 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Depois da China, que regista a maioria dos casos, a Europa tornou-se o epicentro da pandemia, com quase 60 mil infetados e pelo menos 2.684 mortos.
A Itália com 2.158 mortos (em 27.980 casos), a Espanha com 309 mortos (9.191 casos) e a França com 127 mortos (5.423 casos) são os países mais afetados na Europa.
Face ao avanço da pandemia, vários países adotaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.