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Suspensão de ajuda dos EUA ameaça pessoas com HIV e tuberculose na África do Sul - ONG

LUSA
19-05-2025 15:06h

A suspensão de financiamento externo e o cancelamento de subsídios do Governo norte-americano representa uma ameaça às pessoas que vivem com HIV e tuberculose na África do Sul, alertaram hoje os Médicos Sem Fronteiras (MSF).

De acordo com uma análise conjunta da Organização Não-Governamental (ONG) sul-africana Treatment Action Group (TAG) e dos MSF, pelo menos 39 centros de investigação clínica em HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana) e tuberculose (TB) no país africano estão em risco devido a potenciais cortes de financiamento dos Institutos Nacionais de Saúde, a principal agência pública de investigação biomédica e saúde pública nos EUA.

"Estas interrupções de financiamento em curso não afetam apenas os projetos diretamente patrocinados pelo Governo dos EUA, mas ameaçam todo um ecossistema global de investigação científica", alertou a codiretora do projeto TAG TB, Lindsay McKenna.

O estudo revela que a falta de recursos põe em risco pelo menos 27 ensaios clínicos sobre o VIH e 20 sobre a TB atualmente em curso neste país vizinho de Moçambique.

McKenna exortou os doadores a agirem "com urgência" para salvaguardarem os avanços científicos, evitar o colapso das infraestruturas de investigação médica da África do Sul e assegurar a continuidade dos cuidados às pessoas com estas doenças.

"O financiamento público do Governo dos EUA à África do Sul é o andaime sobre o qual as empresas farmacêuticas, filantrópicas e outros governos investem na ciência transformadora da tuberculose e do VIH", afirmou.

O diretor da Unidade Médica da África Austral dos MSF, Tom Ellman,  observou que, durante anos, a África do Sul liderou o caminho na investigação e desenvolvimento de ferramentas médicas inovadoras essenciais para combater o HIV e a TB, "que salvaram vidas não só dentro das fronteiras da África do Sul, mas também em comunidades em todo o mundo".

Ellman advertiu que a interrupção deste trabalho científico, especialmente em contextos vulneráveis, pode significar a perda de décadas de progresso.

"Estes cortes são ainda mais devastadores quando se considera que vêm juntar-se às reduções existentes nos programas de VIH e TB", afirmou.

De acordo com os MSF, grande parte da investigação levada a cabo na África do Sul - liderada por cientistas locais e largamente financiada pelos institutos nacionais de saúde - impulsionou muitas das mais importantes inovações globais das últimas duas décadas, incluindo a definição de políticas de saúde internacionais.

"É importante enfatizar que esses avanços beneficiam não apenas os países de baixos e médios rendimentos, mas também as nações mais desenvolvidas, incluindo os Estados Unidos", concluiu Ellman.

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