A população da Trafaria, no concelho de Almada, concentra-se no sábado junto ao edifício do antigo centro de saúde, para exigir a reposição dos cuidados de saúde primários que deixaram de ser prestados em 2013.
Este é já a segunda concentração realizada este ano pela população da Trafaria, depois de um primeiro protesto em 15 de fevereiro.
Em 2013, o Centro de Saúde da Trafaria foi encerrado, o que para a comissão de utentes representou um retrocesso no acesso aos cuidados de saúde primários e de proximidade para as populações da freguesia da Trafaria.
Em declarações à Lusa, Luísa Ramos, da Comissão de Utentes da Saúde do Concelho de Almada (CUSCA), organização que convocou a concentração, explicou que o protesto pretende reiterar a vontade da população da Trafaria em ter pelo menos uma equipa de saúde (médico e enfermeiras) para prestar cuidados a uma população envelhecida e com dificuldades.
“A população não fica tão desprotegida se houver uma equipa de cuidados primários. Agora têm de se deslocar ao centro de saúde da Costa de Caparica e ainda que não seja longe temos população com mobilidade reduzida e com dificuldades”, disse.
Em novembro de 2024, a Câmara Municipal de Almada, no distrito de Setúbal, criou nas antigas instalações do centro de saúde da Trafaria um conjunto de respostas sociais e de saúde, que incluem acompanhamento social, tratamentos gratuitos de saúde oral, acompanhamento psicológico, entre outros.
Na altura, a presidente da Câmara de Almada, Inês de Medeiros, disse que quando chegou à liderança do município, em 2017, o que ouviu da população da Trafaria foi o lamentar do encerramento do centro de saúde, pelo que encarou como prioridade saber o que fazer com o edifício.
“Foi preciso uma pandemia para voltarmos a abrir as portas deste edifício [como centro de vacinação]. Na altura, dissemos que a porta do centro de saúde não se voltava a fechar e não se fechou. Um edifício reivindicado pela Câmara Municipal de Almada na transferência de competências, que foi uma vitória grande dos serviços” do município, referiu a autarca, em comunicado.
No espaço foi, assim, instalado o CRIA – Centro de Respostas Integradas de Almada.
Contudo, os utentes consideram a resposta insuficiente, sobretudo em contexto de emergência na doença, e reivindicam para o espaço pelo menos um médico e um centro de enfermagem.
Em 2024, organizaram um abaixo-assinado, que foi subscrito por 1.538 pessoas, a exigir a reabertura urgente do centro de saúde da Trafaria com cuidados de saúde primários, com a valência de medicina geral e familiar e serviços de enfermagem integrado no Serviço Nacional de Saúde.