Alfredo Stoffel, conselheiro das comunidades portuguesas na Alemanha, acredita que há “consciência do perigo” do novo coronavírus que “já ninguém ignora”. Os casos superam os sete mil no país.
A Alemanha é o terceiro país da Europa com mais casos de Covid-19, de acordo com a Universidade Johns Hopkins. Mais de um terço dos infetados concentram-se na região da Renânia do Norte-Vestefália.
Também Manuel Campos, presidente do Grupo de Reflexão e Intervenção – Diáspora Portuguesa na Alemanha (GRI-DPA), acredita que a comunidade se tem mostrado “muito atenta à situação”, “crítica” e “responsável nos seus atos”.
“Têm sido muitos os centros e associações que planeavam a celebração de festas, concertos e outras atividades culturais e que, no sentido das medidas decretadas, as têm adiado ou suspenso”, adiantou à agência Lusa.
António Horta, a viver em Gelsenkirchen, no estado alemão que regista mais casos do novo coronavírus, admite que a comunidade portuguesa da região “está bastante sensibilizada e preocupada com a situação.”
“As pessoas trocam mensagens através da internet com os cuidados a ter”, acrescenta à Lusa o dono de uma empresa com cerca de duas dezenas de funcionários.
“Convoquei os trabalhadores da minha empresa e pedi para seguirem os avisos das autoridades. Em caso de contágio de um deles, estão em causa a saúde e também o futuro da empresa. Um encerramento seria fatal para todos. Além disso, coloquei desinfetante à entrada e as saudações são apenas por gestos”, descreve.
Confessa que não entrou em pânico, nem fez compras adicionais, mas triplicou os cuidados e segue à risca os conselhos do departamento de saúde da cidade.
“Evito sair de casa, apenas o faço para ir trabalhar. Trago comigo luvas e desinfetante no bolso”, conta, admitindo que começou a ficar bastante preocupado quando viu os países a tomarem medidas drásticas, como o fecho de fronteiras ou cancelamento de feiras.
Na Alemanha, as fronteiras já são controladas, as escolas e jardins-de-infância foram encerrados, tal como bares, discotecas, pubs, e parques infantis. As viagens de autocarro de longa distância foram proibidas e os restaurantes só podem estar abertos até às 6 da tarde.
“É difícil saber se as decisões, tomadas por um país ou outro, são as certas, as verdadeiras ou se vão ser tomadas a tempo e horas. Ninguém sabe (…) Há que ponderar os atos e decisões, ouvir os especialistas”, considera Manuel Campos.
“Penso que aqui se reagiu quando se devia ter reagido, as decisões e medidas foram tomadas com sentido, sem cair numa situação de pânico ou alarmismo. Isso foi tido em conta. Numa situação destas não vejo que a Alemanha tenha reagido mal”, avalia Alfredo Stoffel em declarações à Lusa.
Para o conselheiro das comunidades portuguesas na Alemanha, o país “teve uma atitude bem pensada, não se criou uma situação de pânico ou desinformação”.