A ONU vai reduzir o seu plano para ajuda humanitária na Ucrânia, perante uma queda drástica de financiamento, reorientando a sua ação para quatro prioridades, anunciou hoje um responsável do Gabinete das Nações Unidas para as Operações Humanitárias (OCHA).
Em janeiro, a ONU lançou um apelo por 2,63 mil milhões de dólares para ajudar seis das 12,7 milhões de pessoas que necessitam de ajuda no país.
Mas "devido ao declínio acentuado do financiamento humanitário", "a ONU e os seus parceiros estabeleceram novas prioridades" que permitiriam chegar a 4,8 milhões de pessoas, o que exigiria 1,75 mil milhões de dólares, frisou Joyce Msuya ao Conselho de Segurança da ONU.
"O objetivo é ajudar aqueles que estão em maior risco e necessidade, concentrando-se em quatro prioridades: pessoas perto das linhas da frente, evacuações, ajuda pós-ataques e assistência aos mais vulneráveis entre os deslocados", explicou a secretária-geral adjunta do OCHA.
"Sem um maior apoio, até os esforços necessários para salvar vidas podem ser ameaçados", alertou.
As declarações surgem numa altura em que as agências da ONU, uma após outra, anunciam cortes nas suas operações em todo o mundo e nos seus níveis de pessoal para responder às grandes quedas nas contribuições dos doadores, particularmente dos Estados Unidos.
A administração do presidente norte-americano, Donald Trump, cortou 83%, ou "dezenas de milhares de milhões de dólares", dos programas da agência de desenvolvimento norte-americana, a USAID, que até agora geria um orçamento anual de 42,8 mil milhões de dólares, ou 42% da ajuda humanitária desembolsada em todo o mundo.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).