Pão e água estão entre os alimentos que a população mais procura nos supermercados ainda abertos em Coimbra, constatou a agência Lusa em vários locais espalhados pela cidade.
Num dos maiores hipermercados de Coimbra, muitos populares procuram bens de última hora, sobretudo “para desenrascar o jantar”, disse à Lusa um dos clientes, que levava água, pão e fruta.
Frango assado, ainda disponível, e enlatados estão também entre as prioridades de outros clientes. Pão já era muito difícil encontrar ao início da tarde: o mesmo acontecia em duas padarias que a Lusa procurou em São Martinho do Bispo, nos arredores da cidade.
Há várias bombas de combustível encerradas, assim como outros supermercados.
Cafés, restaurantes e padarias também começavam a fechar por volta das 15:30, sem esperança de que a reposição de energia aconteça nas próximas horas.
Num café na Solum, algumas pessoas procuravam água e também cerveja, que ainda chegava fresquinha às mesas.
“Nada acontece por acaso”, referia um desses clientes, que adiantava várias teorias conspirativas para o apagão que hoje se faz sentir na Península Ibérica.
Um outro cliente, questionado pela Lusa, admitia que Portugal está “preso por arames”.
“Quando chove, é uma desgraça. Nos incêndios, o panorama é idêntico. Um dia com mais vento é o fim do mundo. Tudo isto é esperado há muito tempo, muito nos aguentamos nós”, comentou.
Um outro, mais pessimista, ripostou: “Esperemos que não seja como na pandemia do covid-19.”
“Não estamos preparados para nada. Para nada. Se tivermos de ficar uns dias fechados, ninguém está preparado”, admitiu.
Algumas escolas, na cidade, permitiram que os alunos saíssem mais cedo. À porta de uma delas, também na Solum, o pensamento entre os estudantes era misto, entre o medo e a alegria de não haver aulas.
O medo, no entanto, parecia vencer a batalha à alegria. Muitos deles, ainda com o pensamento na pandemia de há uns anos, procuravam refúgio nos pais.
“Estamos todos calmos, mas isto para as crianças é mais complicado. Ficaram sem luz nas aulas, o almoço já chegou meio frio. Depois da pandemia… este dia”, disse uma encarregada de educação.
O trânsito na cidade vai fluindo com alguma rapidez e parece que a cidade vai adormecer mais cedo. Ainda assim, ainda é possível ver muita gente na rua. O tempo de verão assim o permite.
A REN – Redes Energéticas Nacionais confirmou hoje um corte generalizado no abastecimento elétrico em toda a Península Ibérica e parte do território francês e avançou que estão a ser ativados os planos de restabelecimento por etapas do fornecimento de energia.
O apagão registou-se às 11:30 de Lisboa.