Um jornalista sueco detido à chegada à Turquia, no final de março, foi acusado de "insultar o Presidente" e de "crimes relacionados com terrorismo", arriscando uma pena de prisão de até 12 anos, foi hoje divulgado.
Joakim Medin, de 40 anos, será julgado a 30 de abril pela acusação de "insultar o Presidente" turco, avançou o jornal para o qual trabalha, o Dagens ETC.
A segunda acusação, relativa a "crimes relacionados com terrorismo, ainda não tem data marcada para julgamento.
O primeiro julgamento será aberto ao público, o que significa que os jornalistas, as organizações e a embaixada terão a oportunidade de comparecer, segundo o Dagens ETC.
“É uma boa notícia”, disse Veysel Ok, um dos advogados de Joakim Medin, em declarações ao jornal.
“Vamos agora poder responder às acusações”, referiu.
O jornalista foi detido em 27 de março, em Istambul, quando chegava ao país para fazer a cobertura noticiosa da vaga de manifestações que abalou a Turquia após a detenção do presidente da Câmara de Istambul, Ekrem Imamoglu, da oposição e considerado o principal rival político do Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.
Desde então, está detido numa prisão de alta segurança no distrito de Silivri, a mesma onde está Ekrem Imamoglu.
Segundo o Dagens ETC, Joakim Medin é também acusado pelas autoridades turcas de ter ligações com o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), classificado como movimento terrorista por Ancara e pelos seus aliados ocidentais.
Durante o interrogatório conduzido pela polícia turca, o jornalista negou ter participado numa manifestação do PKK em Estocolmo, em janeiro de 2023, durante a qual uma efígie de Recep Tayyip Erdogan foi pendurada pelos pés, segundo indicou a MLSA, uma associação turca de defesa dos direitos humanos.
Questionado também sobre uma fotografia que o mostrava com uma bandeira das Unidades de Proteção do Povo Curdo (YPG), que as autoridades turcas consideram ser uma extensão do PKK na Síria, o jornalista sueco afirmou que a fotografia tinha sido tirada depois de alguém lhe ter colocado a bandeira nas mãos.
"Só posso repetir que é um jornalista que exerceu a sua profissão. Joakim não é um criminoso, e não é certamente uma espécie de terrorista. Penso que ele próprio está ansioso para que o seu caso seja levado a julgamento, simplesmente porque é inocente", disse o seu editor-chefe, Andreas Gustavsson, citado num artigo publicado na terça-feira.