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Delegação chinesa visita Brasil para discutir ligação ferroviária ao Pacífico

LUSA
17-04-2025 07:12h

Funcionários chineses visitaram esta semana o Brasil para discutir a construção de uma ligação ferroviária ao porto de Chancay, no Peru, noticiou hoje a imprensa chinesa, numa altura em que Pequim tenta diversificar laços comerciais.

O Brasil desempenha um importante papel na segurança alimentar da China, compondo mais de 20% das importações agrícolas e pecuárias do país asiático.

Como parte das medidas retaliatórias contra as tarifas impostas por Washington, Pequim cortou já mais de metade dos fornecedores de carne bovina norte-americanos e impôs pesadas taxas alfandegárias sobre soja e outros bens agrícolas oriundos do país.

Citado pela imprensa chinesa, o secretário de Coordenação Institucional do Ministério do Planeamento do Brasil, João Villaverde, disse que a visita dos funcionários do país asiático é resultado dos acordos estratégicos assinados pelos líderes dos dois países, Luiz Inácio Lula da Silva e Xi Jinping, em novembro.

Durante uma visita de Estado do líder chinês, Xi e Lula estabeleceram a integração do Brasil com o Pacífico como um dos quatro pilares estratégicos das relações sino-brasileiras.

A delegação chinesa contou com 11 funcionários da empresa estatal China State Railway Group e do Ministério dos Transportes da China.

“Este é o início de uma relação técnica para estudos aprofundados, particularmente no [setor] ferroviário”, disse Villaverde.

Construído pela China, o porto de Chancay, a norte de Lima, foi inaugurado em 2024.

Com um custo estimado em 3,5 mil milhões de dólares (3,1 mil milhões de euros), o porto visa servir como centro logístico fundamental na região e um ponto de ligação crucial entre a América do Sul e o Indo-Pacífico.

A infraestrutura é de especial interesse para o Brasil, que pode assim obter acesso ao oceano Pacífico.

O projeto Rotas de Integração da América do Sul, iniciativa do governo de Lula da Silva que visa ligar o Brasil aos principais centros de comércio e desenvolvimento da região, inclui duas rotas com destino ao porto de Chancay.

Se for concretizado, o corredor permitirá ao Brasil e aos países vizinhos contornar as rotas marítimas tradicionais do Atlântico, reduzindo significativamente os tempos de trânsito e os custos logísticos das exportações agrícolas, como a soja, a carne bovina e os cereais.

O porto de Chancay também pode ajudar Pequim a diversificar as opções de transporte marítimo e reduzir a dependência do Canal do Panamá, uma rota que inflamou as tensões diplomáticas e geopolíticas com os Estados Unidos.

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