O Presidente guineense, Umaro Sisssoco Embalo, negou hoje que haja perseguição ao presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos, mas revelou que o procurador-geral da República emitiu uma notificação judicial contra Bubacar Turé.
“O Procurador-Geral da República emitiu um mandado judicial contra ele, que responde. Ele [Turé] é responsável pelos seus atos”, disse Sissoco Embalo, quando falava aos jornalistas à chegada ao país, depois de ter estado nos Emirados Árabes Unidos e Turquia, em fóruns internacionais, e ainda em França, em visita privada.
Confrontado com as denúncias da Liga Guineense dos Direitos Humanos segundo as quais o seu presidente, Bubacar Turé, estaria a ser perseguido pela polícia depois de afirmar que “todos os doentes em tratamento de hemodialise” no hospital Simão Mendes de Bissau, “morreram”, Sissoco Embalo desmentiu qualquer perseguição ao ativista.
“Agora, ele disse uma coisa, e tem de pagar as consequências disso, porque ninguém morreu”, observou Embalo, referindo-se à causação feita pelo presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos.
Essa informação foi desmentida na quinta-feira pelo diretor dos serviços de nefrologia do hospital, Nelson António Delgado, numa conferência de imprensa conjunta com o diretor do Simão Mendes, Abel Matar da Silva, que afirmaram que 11 doentes, os primeiros a beneficiarem deste serviço, efetuam atualmente o tratamento de hemodiálise.
Em conferência de imprensa hoje, a vice-presidente da Liga, Claudina Viegas afirmou que a organização teme pela vida de Bubacar Turé, atualmente numa localidade do sul do país, em missão de serviço.
Viegas declarou que existe uma operação de “caça” à Turé por parte da polícia que tem dispositivos em vários pontos do país à espera de capturar, sequestrar e eventualmente assassiná-lo, disse.
O Presidente guineense, que pediu ao reino de Marrocos a instalação do primeiro centro de hemodiálise na Guiné-Bissau, que inaugurou em fevereiro passado, remeteu para o ministro do Interior, Botche Candé, o esclarecimento sobre as acusações da Liga dos Direitos Humanos que diz que a residência de Turé em Bissau teria sido invadida no sábado por homens armados.
“Eu não sou Ministro do Interior”, afirmou Sissoco Embalo e Botche Candé negou as alegações da Liga, garantindo que não deu nenhuma ordem nesse sentido.
O Presidente guineense sublinhou, no entanto, que Bubacar Turé terá de provar o que disse e afirmou que a lei tem de funcionar na Guiné-Bissau, como nos outros países, nomeadamente no Senegal onde, frisou, um jornalista foi “colocado na prisão por ter dado notícias falsas”
“A Guiné-Bissau não pode ser um país de desordem”, declarou Sissoco Embalo para quem Bubacar Turé “foi induzido em erro” pelo gabinete de utentes, uma estrutura que funciona no hospital Simão Mendes.
Embalo considera Bubacar Turé, “um jovem promissor”, de quem gosta, mas lamenta que este esteja “numa dinâmica de complexos” que o leva, às vezes, a se exceder nas críticas que faz ao regime no poder.