O Governo brasileiro anunciou hoje um plano de emergência que inclui a injeção de 147,3 mil milhões de reais (26 mil milhões de euros) na economia do país, de forma a amenizar os impactos da pandemia do novo coronavírus.
O pacote de medidas foi anunciado pelo ministro da Economia do Brasil, Paulo Guedes, que o classificou como "programa de emergência" a implementar nos próximos três meses.
Segundo Guedes, até 83,4 mil milhões de reais (14,9 mil milhões de euros) serão aplicados em ações para a população mais vulnerável, até 59,4 mil milhões de reais (10,6 mil milhões de euros) para a manutenção de empregos e pelo menos 4,5 mil milhões de reais (810 milhões de euros) para o combate direto à pandemia.
O número de casos confirmados no Brasil do novo coronavírus aumentou para 234, sendo que o Ministério da Saúde monitoriza 2.064 casos suspeitos, informou hoje o Governo brasileiro.
São Paulo é responsável por mais da metade dos casos, registando, no momento, 152 infetados. Seguem-se os estados do Rio de Janeiro, com 31 casos confirmados e o Distrito Federal com 14.
Face ao aumento de infetados, São Paulo e Rio de Janeiro suspenderam aulas, fecharam museus e cancelaram grandes eventos públicos para conter a disseminação do vírus.
O programa de emergência anunciado pelo ministro é a primeira reação importante na área económica do Governo do Presidente Jair Bolsonaro para reduzir os efeitos da Covid-19 na economia brasileira, que ainda se está a recuperar da grave recessão vivida entre 2015 e 2016.
O ministro indicou que essa injeção de verbas servirá para ajudar os setores da economia mais atingidos pela pandemia e os grupos populacionais mais vulneráveis, com o objetivo de evitar o aumento da taxa de desemprego.
O desemprego no Brasil ronda os 11%, o equivalente a cerca de 12 milhões de pessoas.
Nesse sentido, o executivo também anunciou a suspensão por três meses de alguns impostos laborais, dedicada aos empregadores, assim como mais recursos para a área da saúde, além dos 5.000 milhões de reais (quase 900 milhões de euros) já disponibilizados para combater a pandemia no país.
"Uma economia resiliente, com a parte de fundamentos fiscais no lugar, estrutura firme, reformas estruturantes, ela mantém a resiliência e fura essa onda. O Brasil está a começar a reaceleração económica, aí vem uma turbulência e ele tem condições de ultrapassar isso. São três, quatro meses", considerou Guedes.
O ministro admitiu a possibilidade de aprovar, nos próximos dias, medidas complementares para reduzir os efeitos da Covid-19.
"A cada 48 horas poderá haver o anúncio de novas medidas, pode ser que fiquemos um tempo sem anunciar, poder ser que continuemos a anunciar, vai depender da resposta da economia", acrescentou o governante.
Os primeiros efeitos económicos da pandemia no Brasil já foram sentidos na bolsa de valores de São Paulo e no mercado de câmbio.
Até agora, a bolsa de valores de São Paulo registou uma queda de 38,46%, enquanto o dólar americano valorizou cerca de 26% em relação ao real.
O coronavírus responsável pela pandemia da Covid-19 infetou cerca de 170 mil pessoas, das quais 6.850 morreram.
Das pessoas infetadas em todo o mundo, mais de 75 mil recuperaram da doença.
O surto começou na China, em dezembro, e espalhou-se por mais de 140 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.