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Covid-19: Banco Central brasileiro anuncia medidas para aliviar impacto económico

LUSA
17-03-2020 00:59h

O Banco Central do Brasil anunciou hoje uma série de medidas para facilitar a renegociação das dívidas de empresas e indivíduos com bancos públicos e privados, a fim de ajudar a aliviar o impacto económico do novo coronavírus.

O órgão que controla a política monetária do país explicou que a possibilidade de as instituições financeiras usarem o seu capital para apoiar o efeito de eventuais renegociações de crédito será ampliada, o que dará maior liquidez ao sistema financeiro do país.

Segundo um comunicado emitido pelo Banco Central, estima-se que as dívidas que possam estar sujeitas a eventuais renegociações, que dependerão da "vontade das partes", possam somar um total de 3,6 biliões (milhões de milhões) de reais (cerca de 660 mil milhões de euros).

A medida estará em vigor nos próximos seis meses e, segundo o Banco Central brasileiro, visa "melhorar as condições de liquidez no sistema financeiro nacional" e "contribuir para amenizar os efeitos da Covid-19 na economia".

No mesmo comunicado, o órgão garantiu que "possui um amplo arsenal de instrumentos que podem ser utilizados, se necessário, para garantir a estabilidade financeira".

Entre esses "instrumentos", o Banco Central citou as reservas internacionais do país, que totalizaram 360 mil milhões de dólares (322 mil milhões de euros) e foram definidas como "um colchão que serve para garantir liquidez em moeda estrangeira e o funcionamento regular do mercado de câmbio".

O possível impacto do coronavírus na economia brasileira ainda não foi dimensionado, mas o Governo já reduziu a sua previsão de crescimento para este ano de 2,4% para 2,1%.

No mercado financeiro, as expectativas são piores e, segundo pesquisa realizada pelo próprio Banco Central com analistas de entidades privadas, a economia do país deve crescer 1,68% em 2020.

A economia brasileira ainda não se recuperou da recessão que atingiu o país entre os anos de 2015 e 2016, quando o Produto Interno Bruto (PIB) recuou sete pontos percentuais.

Desde então o país mantém uma recuperação lenta e insuficiente, com alta do PIB de 1,3% em 2017 e 2018, taxa que caiu para 1,1% em 2019.

Oficialmente o Brasil registou 200 casos do novo coronavírus até o último domingo, sem nenhuma morte.

Embora a pandemia ainda não tenha feito vítimas fatais no país, governos regionais e empresas têm adotado medidas de paralisação de serviços, como encerramento de escolas e cancelamento de espetáculos e eventos que contem com aglomeração de pessoas, para evitar que a doença se espalhe de forma descontrolada, o que tem efeitos negativos para a economia local.

O coronavírus responsável pela pandemia da Covid-19 infetou cerca de 170 mil pessoas, das quais 6.500 morreram.

Das pessoas infetadas em todo o mundo, mais de 75 mil recuperaram da doença.

O surto começou na China, em dezembro, e espalhou-se por mais de 140 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

Depois da China, que regista a maioria dos casos, a Europa tornou-se o epicentro da pandemia, com mais de 55 mil infetados e pelo menos 2.335 mortos.

A Itália com 1.809 mortos (em 24.747 casos), a Espanha com 297 mortos (8.794 casos) e a França com 127 mortos (5.423 casos) são os países mais afetados na Europa.

Face ao avanço da pandemia, vários países adotaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.

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