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Etiópia chega a acordo para reestruturar parcela da sua dívida pública

LUSA
21-03-2025 16:06h

A Etiópia chegou a um acordo de princípio com os seus credores bilaterais para uma reestruturação de dívida pública no valor de 8,4 mil milhões de dólares (7,76 mil milhões de euros), anunciou hoje o Ministério das Finanças.

A dívida externa deste país, o segundo mais populoso do continente africano, com cerca de 120 milhões de habitantes, ascende a cerca de 30 mil milhões de dolares (cerca de 27,72 mil milhões de euros), um valor de grande endividamento.

As autoridades de Adis Abeba e os seus credores públicos bilaterais, com exceção da China, chegaram a um acordo de princípio “sobre os principais parâmetros financeiros de um tratamento da dívida ao abrigo do quadro comum do G20, abrangendo cerca de 8,4 mil milhões de dólares (7,76 mil milhões de euros) de dívida pública pendente”, segundo um comunicado do Ministério das Finanças publicado no Facebook.

Este acordo “marca uma etapa importante nos esforços para normalizar as nossas relações com os nossos parceiros internacionais e para assegurar a estabilidade económica do povo etíope”, congratulou-se o ministro das Finanças, Ahmed Shide.

Há vários anos que as autoridades de Adis Abeba negoceiam com os credores para reestruturar a sua dívida, depois de o país ter entrado em incumprimento de uma parte da sua dívida no final de 2023.

“Esta é uma grande vitória para o governo etíope”, disse Samson Berhane, analista económico etíope, à agência francesa AFP.

“Com a maior parte da dívida da Etiópia a vencer este ano, esta medida irá poupar reservas cambiais significativas e evitar que o défice da balança de pagamentos aumente ainda mais”, acrescentou.

Quando o primeiro-ministro Abiy Ahmed assumiu o leme do país em 2018, mostrou o desejo de reformas ambiciosas.

Mas as consequências da pandemia, a guerra na Ucrânia e o conflito na região norte de Tigray entre 2020 e 2022 afetaram a sua economia, marcada por uma inflação elevada (23,3% prevista para 2025).

Em julho, o FMI aprovou um programa de ajuda à Etiópia no valor de 3,4 mil milhões de dólares (cerca de 3,14 mil milhões de euros), na sequência do anúncio por Adis Abeba de uma reforma profunda do regime cambial, até então ultra controlado.

No início da pandemia, os países ricos do G20 criaram um “quadro comum” destinado a reestruturar ou mesmo anular a dívida dos países que o solicitassem.

Até agora, quatro países - Chade, Zâmbia, Etiópia e Gana - candidataram-se ao benefício, de acordo com o 'site' do Clube de Paris.

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