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Peritos propõem medidas para acelerar diagnóstico e adiar diálise na doença renal

LUSA
14-03-2025 14:42h

Um grupo de peritos apresentou às autoridades de saúde recomendações para acelerar o diagnóstico da doença renal crónica e, possivelmente, adiar a necessidade de diálise, através de uma alteração no sistema informático do Serviço Nacional de Saúde.

O grupo de 17 peritos em Nefrologia, Medicina Geral e Familiar e Patologia Clínica propõem três recomendações, sendo uma delas a criação de dois códigos informáticos que permitem rastreios mais céleres e eficientes, segundo um comunicado hoje divulgado.

“Basta disponibilizar dois novos códigos informáticos aos médicos de família para acelerar o processo de diagnóstico da Doença Renal Crónica (DRC) em Portugal e, possivelmente, protelar o período sem recorrer à diálise, um tratamento realizado por cerca de 20.000 doentes no país”, salientam os especialistas.

Os novos códigos visa facilitar e uniformizar a prescrição e emissão de resultados dos exames a dois parâmetros fundamentais para um diagnóstico mais preciso da doença: a Taxa de Filtração Glomerular estimada (TFGe) e a albuminúria (RAC).

O atual sistema informático nos cuidados de saúde primários do SNS não dispõe destes dois códigos específicos nas fórmulas recomendadas pelas orientações internacionais.

“Hoje não conseguimos saber com exatidão o número de pessoas que sofrem de DRC, porque não está identificada no sistema informático da saúde com um código próprio, à semelhança do que acontece com outras doenças como a diabetes ou a hipertensão”, alerta o presidente da Sociedade Portuguesa de Nefrologia, Edgar Almeida.

Por isso, a recomendação é que se atribua à DRC um código único, pois só assim se conhecerá “a real dimensão do problema” e conseguirá planear e executar a melhor estratégia para o resolver, defende.

Com a alteração proposta, o médico de Medicina Geral e Familiar passaria a ter à disposição estes códigos de requisição, permitindo também o Registo de Saúde Eletrónico de forma linear e padronizada.

Segundo Edgar Almeida, “a TFGe e a RAC, isoladas ou em conjunto, são essenciais ao diagnóstico da doença renal crónica”.

“Um estudo em Portugal concluiu que a albuminúria não foi avaliada em mais de metade dos doentes com doença renal crónica, desconhecendo-se o risco real para a progressão da doença e comorbilidades associadas e privando, assim, os doentes não diagnosticados de medidas dirigidas no sentido de melhorar o seu prognóstico”, salienta.

Além dos códigos de prescrição, os peritos recomendam a codificação da DRC no contexto da Classificação Internacional de Cuidados Primários e a atualização das normas de boas prática da Direção-Geral da Saúde para esta doença.

“Estas orientações, juntamente com uma maior sensibilização para o assunto entre a comunidade médica, permitirão que as medições da TFGe e da albuminúria sejam realizadas de forma consistente, independentemente da especialidade médica do médico assistente, do laboratório ou da localização geográfica”, defende.

Edgar Almeida destaca que existem “atualmente medicamentos modificadores de prognóstico que, em fases precoces da doença, podem retardar significativamente a progressão para diálise e reduzir a mortalidade nestes doentes”.

As recomendações já foram apresentadas às autoridades de saúde pelo programa NEPHRODetect, iniciativa do grupo constituído por três especialistas em Nefrologia, quatro em Medicina Geral e Familiar e dez em Patologia Clínica e representantes de laboratórios nacionais de análises clínicas.

O grupo foi criado para analisar as mais recentes orientações internacionais sobre a DRC, com o objetivo de criar um documento de consenso com recomendações de uniformização do diagnóstico e de reportagem em Portugal.

“Na origem deste trabalho estão dois pontos: as dificuldades de os médicos de família pedirem exames com o detalhe necessário e os relatórios dos laboratórios não serem uniformes”, diz o especialista.

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