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Guterres no Bangladesh para dar visibilidade ao drama dos refugiados rohingya

LUSA
13-03-2025 12:54h

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, chegou hoje ao Bangladesh para uma visita de quatro dias, durante a qual deverá encontrar-se com os refugiados rohingya ameaçados por uma redução da ajuda alimentar.

O Bangladesh alberga mais de um milhão de membros da minoria muçulmana de Myanmar, a antiga Birmânia, em torno de Cox's Bazar, no sul do país, que vivem em condições muito precárias em campos improvisados.

Desde o golpe de Estado que levou a junta birmanesa de volta ao poder em 2021, as regiões habitadas pelos rohingya têm sido palco de um conflito sangrento entre vários movimentos rebeldes e o exército.

Recebido no aeroporto de Daca por um destacamento militar, o chefe da ONU deverá participar numa cerimónia de quebra de jejum num dos campos do Bangladesh na sexta-feira, em pleno Ramadão, segundo a agência francesa AFP.

“O governo do Bangladesh acredita que esta visita ajudará a colocar a situação dos rohingya de novo na agenda internacional”, afirmou na quarta-feira o porta-voz do chefe da ONU, Shafiqul Alam.

O Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas (PAM) ameaçou reduzir para metade o valor das rações que distribui diariamente aos refugiados a partir de abril por falta de novos fundos de emergência.

De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), a subnutrição entre os residentes mais jovens do campo atingiu o pior nível desde 2017.

A representante da UNICEF no Bangladesh, Rana Flowers, disse aos jornalistas esta semana que o cancelamento de alguns fundos dos Estados Unidos reduziu em um quarto o orçamento para a ajuda aos rohingya.

O Presidente Donald Trump congelou em janeiro a ajuda externa dos Estados Unidos durante três meses, para ser feita uma reavaliação.

O chefe da diplomacia norte-americana, Marco Rubio, confirmou na segunda-feira o cancelamento de 83% dos programas da agência de desenvolvimento USAid.

As autoridades do Bangladesh disseram que estão a envidar todos os esforços para encontrar financiamento alternativo para os refugiados de Myanmar.

Durante a visita, o antigo primeiro-ministro português deverá manter conversações com o chefe do governo provisório, o Prémio Nobel da Paz Muhammad Yunus, que lidera o executivo do Bangladesh desde a queda da antiga primeira-ministra Sheikh Hasina, no verão passado.

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