A Mercadona teve sete milhões de euros de lucros em Portugal e foi "pela primeira vez rentável" no país em 2024, disse o presidente da empresa, Juan Roig, numa conferência de imprensa em Valência, Espanha, onde o grupo tem sede.

"Portugal começou a somar e este ano somará mais. Estamos muito satisfeitos", afirmou Juan Roig, que admitiu que, porém, o resultado no mercado nacional é ainda inferior ao que a empresa aspira.

A Mercadona, que abriu a primeira loja em Portugal em 2019, não teve prejuízos pela primeira vez no mercado nacional em 2023, ano em que também não ganhou dinheiro, depois de perdas de 50 milhões de euros em 2022, segundo dados da empresa.

Em 2024, a Mercadona vendeu 1.778 milhões de euros em Portugal, mais 27% do que em 2023, mas abaixo do objetivo de 1.900 milhões de euros que tinha assumido há um ano.

A Mercadona fechou 2024 com 60 lojas em Portugal (mais 11 do que em 2023) e investiu 219 milhões de euros no ano passado no país.

Para este ano, Juan Roig reiterou o objetivo já anunciado de abertura de mais 10 lojas em Portugal, incluindo as primeiras no distrito de Lisboa, num investimento previsto de 157 milhões de euros.

A Mercadona espera, em paralelo, duplicar os lucros em Portugal este ano, para 14 milhões de euros, disse o presidente da empresa.

Há atualmente supermercados Mercadona em 12 distritos de Portugal e a empresa tem dois centros logísticos no país, em Vila Nova de Gaia e Almeirim, este último o maior dos 17 que tem na Península Ibérica.

Juan Roig afirmou que a perspetiva no mercado nacional é "continuar a desenvolver supermercados", no imediato, e "de forma mais ativa", em Lisboa, e depois, "nos próximos anos", no sul de Portugal, nomeadamente, no Algarve.

"O que nos falta é ser mais portugueses", afirmou, referindo o desejo e a necessidade da Mercadona de ter mais produtos nacionais nos supermercados e de melhorar as relações com fornecedores locais.

A empresa faz 85% das compras a fornecedores em Portugal e Espanha, disse Juan Roig.

A Mercadona fechou 2024 com 7.000 trabalhadores em Portugal (mais 1.700 do que no final de 2023) e, segundo a empresa, superou no ano passado os 1.000 milhões de euros de investimento desde que iniciou atividade no país.

Juan Roig garantiu que, para já, a Mercadona, que é líder em Espanha, com uma quota de mercado de 28,2% (mais 0,7% do que há um ano), não pretende expandir para um terceiro país.

O presidente da Mercadona realçou que a economia de Portugal e Espanha atravessa um bom momento e vai "muito bem" e que o objetivo da empresa é consolidar a presença e a atividade nos dois mercados.

No global, a Mercadona teve lucros de 1.384 milhões de euros em 2024, um aumento de 37% em relação ao ano anterior.

As vendas cresceram 9%, alcançando os 38.835 milhões de euros no ano passado.

A Mercadona fechou 2024 com 1.674 lojas e 110.000 trabalhadores, mais 6.000 do que no final de 2023.

Em 2024, o investimento da Mercadona alcançou os 1.045 milhões de euros.

Para 2025, a empresa espera aumentar as vendas em 3,5% (para 40.100 milhões de euros), manter o investimento global nos 1.000 milhões de euros, incrementar o número de trabalhadores em mais mil pessoas e "consolidar o lucro de 2024".

Na conferência de imprensa de hoje, o presidente da Mercadona considerou que, apesar dos bons resultados, 2024 foi um ano "especialmente duro" para a empresa, em especial por causa das inundações em Valência de 29 de outubro, em que morreram mais de 220 pessoas e que afetaram 21 supermercados da empresa.

Segundo Juan Roig, todos os 21 supermercados foram já recuperados e voltaram a abrir, o último dos quais em 14 de janeiro.