O presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) alertou hoje que o setor não pode fechar ou entrar em teletrabalho em função do desenvolvimento da pandemia Covid-19, ressalvando que são necessários cuidados acrescidos.
“Muitas são as empresas que vão fechar portas temporariamente. Muitos são os postos de trabalho que vão ser substituídos por teletrabalho, as reuniões feitas por Skype e outros mecanismos tecnológicos […], mas a agricultura não”, lembrou Eduardo Oliveira e Sousa, numa mensagem publicada no ‘site’ da confederação.
Este responsável sublinhou que as terras “terão de continuar a ser trabalhadas, as máquinas atestadas e reparadas, as culturas adubadas, tratadas e colhidas, os animais diariamente acompanhados” e os transportes de bens de produção terão que chegar ao seu destino, porém, ressalvou, que “trabalhar no campo” não significa estar longe ou imune ao novo coronavírus.
Assim, vincou que todos os trabalhadores do setor devem seguir as recomendações de desinfeção, nomeadamente nas pausas a meio da jornada, lavando as mãos, as ferramentas, bem como mantendo as distâncias de segurança e evitando agrupamentos.
Por outro lado, Eduardo Oliveira e Sousa sublinhou que deve ser exigido aos responsáveis pelas áreas de descarga e manuseamento de produtos “cuidados extraordinários de higiene, embalamento e posterior transporte”, além de ser reduzido, “ao mínimo”, o número de pessoas em circulação nestes espaços.
“Há que manter a pressão sobre a cadeia. Só assim poderemos assegurar que os produtos chegarão aos seus destinos finais rodeados dos cuidados que a situação exige. Só assim cimentaremos a confiança do consumidor no trabalho dos agricultores e seus produtos”, afirmou.
O líder da confederação agrícola lembrou também que foi solicitado ao Governo o reforço das equipas da medicina no trabalho, tendo em vista “aumentar a frequência de controlos sanitários e troca de impressões entre técnicos de saúde e quem trabalha no campo”.
Para Eduardo Oliveira e Sousa, neste momento, “todos os cuidados são poucos”, por isso, todos devem “seguir escrupulosamente” as regras anunciadas pelas entidades de saúde, de modo a fazer face a esta pandemia, que vincou ser “muito grave”.
O coronavírus responsável pela pandemia da Covid-19 infetou cerca de 170 mil pessoas, das quais 6.500 morreram.
Das pessoas infetadas em todo o mundo, mais de 75 mil recuperaram da doença.
Em Portugal, 331 pessoas foram infetadas até hoje.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, convocou uma reunião do Conselho de Estado para quarta-feira, para discutir a eventual decisão de decretar o estado de emergência.
Portugal está em estado de alerta desde sexta-feira, e o Governo colocou os meios de proteção civil e as forças e serviços de segurança em prontidão.
Entre as medidas para conter a pandemia, o Governo suspendeu as atividades letivas presenciais em todas as escolas a partir de hoje, e impôs restrições em estabelecimentos comerciais e transportes, entre outras.