Quinze trabalhadores de um centro de CTT de Vila Nova de Gaia recusam-se a trabalhar enquanto não for efetuado um teste de despistagem do novo coronavírus a um colega que esteve em contacto com um infetado confirmado.
Em declarações à agência Lusa, fonte ligada à Comissão de Segurança e Saúde do Trabalho dos CTT, um dos órgãos representativos destes trabalhadores, apontou que "cinco funcionários decidiram por sua iniciativa faltar ao trabalho e dez abandonaram o posto de manhã e regressaram a casa", estando na base das recusas em trabalhar um funcionário que é cunhado de um doente que acusou positivo no teste de Covid-19.
A agência Lusa contactou os CTT, que não confirmaram os casos referidos de abandono do posto de trabalho, tendo, no entanto, confirmado que existe um funcionário no Centro de Distribuição Postal (CDP) das Devesas, em Gaia, que aguarda ser testado devido ao novo coronavírus, uma vez que teve contacto com um familiar infetado.
"Mas [o funcionário em causa] não apresenta qualquer sintoma deste sexta-feira. Os CTT, cumprindo as recomendações da DGS [Direção-Geral da Saúde], colocou de imediato o trabalhador em quarentena profilática, na rua residência. Paralelamente, as áreas/salas e equipamentos do CDP onde o colaborador esteve foram desinfetadas logo na sexta-feira", refere a resposta escrita enviada à Lusa por fonte oficial dos CTT.
A empresa garante, ainda, que "tentou ao máximo assegurar, junto da seguradora com quem trabalha, o agendamento do respetivo teste", apontando que o mesmo "será realizado hoje à tarde".
"Importa lembrar que a posição do Serviço Nacional de Saúde prevê que o teste seja realizado apenas em caso de sintomas, para não sobrecarregar os serviços hospitalares. Os CTT estão a implementar todos os procedimentos ao seu alcance e a cumprir as regras definidas pela DGS, que prevê a colocação em quarentena dos trabalhadores se houver casos positivos de infeção por Covid-19", acrescenta a empresa.
À Lusa, a Comissão de Segurança e Saúde do Trabalho dos CTT descreveu que o CDP das Devesas está instalado num edifício que acolhe cerca de 100 funcionários, sendo que numa parte das instalações é feita a distribuição de correspondência para o Porto e em outra para Gaia, havendo "serviços comuns e partilhados".
"As pessoas estão indignadas e com medo. Pedem alguma sensibilidade à empresa. Só querem ir para casa e aguardar lá que saia o resultado do colega porque temem estar num espaço que foi exposto ao contágio", referiu fonte da Comissão de Segurança e Saúde do Trabalho dos CTT.
Ainda sobre esta matéria, sem confirmar ou desmentir se há trabalhadores a abandonar o CDP de Gaia, fonte oficial dos CTT indicou que "a distribuição na zona em causa está a decorrer com normalidade" e que "mantendo a prestação de um serviço de qualidade e a proximidade às populações, os CTT apelam também ao seguimento rigoroso das recomendações da DGS, por forma a garantir a segurança dos clientes, mas também dos colaboradores dos CTT".
O número de infetados ronda as 170 mil pessoas, com casos registados em pelo menos 141 países e territórios, incluindo Portugal, que tem 331 casos confirmados. Do total de infetados, mais de 75 mil recuperaram.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, convocou o Conselho de Estado para quarta-feira para discutir a eventual decisão de decretar o estado de emergência, enquanto o primeiro-ministro, António Costa, anunciou que Portugal e Espanha vão, além de todas as outras medidas já adotadas, limitar a circulação na fronteira a mercadorias e trabalhadores transfronteiriços.