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PS acusa direita de não permitir investigar incêndio no HDES nos Açores

LUSA
25-02-2025 16:42h

O deputado do PS nos Açores, Carlos Silva, acusou hoje os partidos de direita de impedirem uma investigação "transparente" ao incêndio no Hospital do Divino Espírito Santo (HDES), ao reprovarem a maioria das perguntas propostas pelos socialistas.

“Há uma tentativa clara de impedir o escrutínio desta comissão de inquérito e isso ficou evidente quando foram rejeitadas propostas de quesitos que são claras, no seu propósito, e que podem permitir que esta comissão, no seu relatório final, clarifique os açorianos sobre os atos que foram praticados”, afirmou o parlamentar socialista.

Carlos Silva falava durante a reunião da comissão parlamentar de inquérito ao incêndio, que ocorreu em 04 de maio de 2024 no HDES, em Ponta Delgada.

Os deputados do PS apresentaram 78 questões e 83% das perguntas foram chumbadas pelos partidos de direita (PSD, CDS-PP e Chega), mesmo depois de o PSD se ter comprometido a incluir na investigação as matérias que o PS queria ver investigadas, mas que não constavam do objeto inicial da comissão.

“O compromisso que foi feito pelo líder parlamentar do PSD, relativamente ao acolhimento das propostas de quesitos do Partido Socialista que não estavam abrangidas nas alíneas da comissão que estamos aqui a apreciar, afinal, não foi cumprido”, lamentou o deputado socialista.

A acusação do PS foi, no entanto, rebatida pela deputada Délia Melo, do PSD, que garante que o seu partido cumpriu com aquilo a que se comprometeu, ao introduzir duas das matérias que os socialistas queriam ver clarificadas durante os trabalhos da comissão, rejeitando a tentativa de “especulação” lançada pelos deputados do PS.

“Temos a plena consciência de que este questionário indicativo vai servir os propósitos que todos nós queremos, sendo que, ninguém está impedido de colocar outras questões para além daquelas que aqui estão”, insistiu a deputada social-democrata, garantindo que “não há aqui nenhuma tentativa de cortar a procura pelo escrutínio”, apenas a necessidade de estabelecer um questionário mais “abrangente” e menos “especulativo”.

Também Catarina Cabeceiras, deputada do CDS que integra a comissão de inquérito ao HDES, recusou a ideia de que a direita esteja a impedir uma investigação transparente às causas e consequências do incêndio, que danificou a maior unidade de saúde dos Açores, adiantando que a proposta de questionário dos socialistas era “meramente especulativa” e “demasiado extensa”.

A deputada do Chega Olivéria Santos discordou das críticas da bancada do PS, lembrando que aquilo que os deputados aprovaram foi “apenas um questionário indicativo”, que não inviabiliza que “todas estas perguntas possam ser feitas à mesma” durante os trabalhos da comissão de inquérito.

Recorde-se que os deputados do PS tinham proposto a criação de uma segunda comissão de inquérito ao incêndio no HDES, uma vez que os objetos iniciais da proposta do PSD (a primeira a dar entrada nos serviços da Assembleia Legislativa dos Açores) não incluem todas as matérias que os socialistas pretendiam ver esclarecidas, nomeadamente as relacionadas com a opção do hospital modular e com o financiamento das obras de reconstrução do hospital.

O PS, que tinha admitido retirar o seu requerimento para aprofundar alguns temas que não integravam o objeto inicial da proposta do PSD, poderá agora recuar e insistir na necessidade de uma investigação mais aprofundada, atendendo ao chumbo da maioria das perguntas que pretendia ver esclarecidas na comissão.

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