O líder do PS considerou hoje que a ausência de mudanças no Ministério da Saúde significa que ou o primeiro-ministro é responsável pelos problemas no setor ou já decidiu renovar integralmente a equipa ministerial numa próxima remodelação.
No final de uma ronda de encontros com associações da Polícia de Segurança Pública (PSP), Pedro Nuno Santos foi questionado sobre a primeira remodelação no Governo de Luís Montenegro, que foi conhecida na véspera.
“A única coisa que nós registamos desta remodelação é que o senhor primeiro-ministro não identifica no seu Governo os mesmos problemas que, atrevo-me a dizer, não é só o PS, que quase todos nós identificamos no Governo. Entendeu que não se justificavam alterações em alguns ministérios, desde logo no Ministério da Saúde”, referiu.
O líder do PS avançou com duas possibilidades para esta decisão de Luís Montenegro não mexer na equipa de Ana Paula Martins.
“Ou entende que não há problemas na saúde em Portugal, e então aí a responsabilidade máxima é mesmo do primeiro-ministro, que decide manter esta equipa. Ou o senhor primeiro-ministro já decidiu renovar integralmente a equipa da saúde, bem como equipas noutros ministérios, mas está só à espera da saída do ministro dos Assuntos Parlamentares para a Câmara Municipal do Porto”, sugeriu.
Na opinião de Pedro Nuno Santos, “a equipa ministerial da Saúde está a prazo” e “toda a gente sabe”, considerando que a ministra “está especialmente a prazo porque não revelou capacidade para iniciar a resolução dos problemas nem para trazer estabilidade” ao setor.
Questionado sobre o facto de o primeiro-ministro ter escolhido para secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território Silvério Regalado, atual deputado do PSD e ex-presidente da Câmara de Vagos, um dos antigos autarcas com que a antiga sociedade de advogados de Luís Montenegro fez contratos de ajuste direto, Pedro Nuno Santos escusou-se a fazer qualquer comentário porque não se trata de um caso de justiça.
“Não é a apreciação que eu quero escolher fazer dos membros do Governo que foram escolhidos, a não ser que houvesse um caso de justiça. Não havendo um caso de justiça, perdoem-me, a minha avaliação é política”, justificou.
O secretário-geral do PS insistiu que Luís Montenegro tomou a decisão de fazer uma remodelação de alguns secretários de Estado para a qual terá tido razões.
“O apontamento que eu prefiro fazer é identificar as escolhas ou as mudanças que não foram feitas e que eram a expectativa de quase todos nós porque quase todos nós - não é só o PS ou mesmo a oposição - sabemos que as coisas não estão bem na saúde, que o Governo está a falhar em toda a linha na área da saúde e o primeiro-ministro decidiu, pelo menos para já, não fazer nenhuma mudança na área onde é quase consensual, estão a falhar totalmente”, criticou.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, dá hoje posse a seis novos secretários de Estado, na primeira remodelação do XXIV Governo Constitucional que não altera qualquer ministro.
A posse dos novos membros do Governo está marcada para as 17:30, no Palácio de Belém, depois de terem sido divulgadas na página da Presidência da República na quarta-feira à noite as alterações à composição do executivo PSD/CDS-PP liderado por Luís Montenegro.
Esta remodelação foi desencadeada com a demissão, a 28 de janeiro, do secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território, Hernâni Dias, depois de ter sido noticiado pela RTP que criou duas empresas imobiliárias já enquanto governante, responsável pelo recém-publicado decreto que altera o Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial, a polémica lei dos solos.
Luís Montenegro aproveitou para substituir outros cinco secretários de Estado, mexendo em seis Ministérios: Coesão Territorial, Educação, Trabalho, Ambiente, Juventude e Cultura.